Aquecimento global é explicação mais provável para chuvas torrenciais em Dubai, diz estudo

Pesquisa sobre tempestade da última semana aponta que precipitação cresceu entre 10% e 40% na região em períodos de El Niño

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AFP

O aquecimento global é a explicação mais provável para as chuvas torrenciais que caíram na semana passada sobre os Emirados Árabes Unidos e Omã, afirmam os cientistas do grupo do WWA (World Weather Attribution) em um estudo publicado nesta quinta-feira (25).

A pesquisa afirma que as precipitações durante os anos marcados pelo fenômeno El Niño aumentaram entre 10% e 40% nesses países desérticos do Golfo. Os pesquisadores dizem que "o aquecimento [do planeta], causado pela queima de combustíveis fósseis, é a explicação mais provável".

Não há "outra explicação conhecida para o aumento das chuvas na região", destacam.

Carros boiando em água em uma rua
Inundação em rua de Dubai, nos Emirados Árabes, após chuvas fortes - Giuseppe Cacace - 19.abr.2024/AFP

A tempestade deixou 22 mortos em Omã e quatro nos Emirados Árabes Unidos, onde as chuvas recorde provocaram inundações e caos em Dubai, entre outros locais. A chuva, além de cortes de energia, levou a grandes complicações no tráfego aéreo, com pistas de pouso se transformando em rios e 1.244 voos cancelados.

Isso mostra "que mesmo as regiões secas podem ser fortemente afetadas pelas precipitações, uma ameaça que aumenta com o aquecimento climático devido aos combustíveis fósseis", destaca Sonia Viratne, professora da universidade ETH de Zurique e membro da WWA.

Esse grupo internacional de cientistas, que estuda o papel da mudança climática nos fenômenos meteorológicos extremos, baseou-se em dados históricos e em modelos climáticos para estudar a evolução das precipitações na região, considerando os episódios de El Niño, um fenômeno cíclico.

O estudo indica que as chuvas extremas foram menos intensas nos anos anteriores ao aquecimento de 1,2°C do planeta acima dos níveis pré-industriais.

"As precipitações extremas aumentaram pelo menos em 10% nos Emirados Árabes Unidos e em Omã", diz Mariam Zachariah, pesquisadora do Imperial College de Londres. Isso está "de acordo com os princípios físicos básicos de que uma atmosfera mais quente pode reter mais umidade".

As chuvas torrenciais caíram primeiro sobre Omã na semana passada, antes de chegar aos Emirados Árabes, onde o equivalente a quase dois anos de precipitação caiu em apenas um dia, em 16 de abril, paralisando uma parte do país.

Após a tempestade da semana passada, surgiram questionamentos se a "semeadura de nuvens", um processo frequentemente realizado pelos Emirados Árabes, poderia ter causado as chuvas extremas. O processo consiste em produtos químicos implantados nas nuvens para aumentar a precipitação.

A agência de meteorologia dos Emirados Árabes Unidos disse, porém, que não realizou essas operações antes da tempestade da última semana.

Ambos os países atingidos carecem de sistemas de drenagem para lidar com chuvas intensas, e o alagamento de estradas não é incomum durante as precipitações —como em outro episódio recente de caos em Dubai, em março deste ano.

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