Um ano após se recuperar de um dos maiores incêndios de sua história, quando teve mais de 50 mil hectares destruídos pelo fogo, o município de Chapada dos Guimarães (65 Km de Cuiabá), volta a ser devastado pelo fogo. Só na última semana, cerca de 6.000 hectares foram queimados.
O fogo, que começou no dia 19 de agosto e ainda não foi totalmente controlado, já consumiu uma área equivalente a quase 38 parques Ibirapueras dentro da APA (Área de Preservação Ambiental) estadual, que fica no entorno do Parque Nacional Chapada dos Guimarães, como uma espécie de amortecedor --o parque Nacional alcança parte da cidade de Chapada e de Cuiabá. No momento, cerca de 60 pessoas atuam no combate aos incêndios, entre bombeiros, militares do Exército, brigadistas da prefeitura do município de Chapada dos Guimarães e voluntários.
O ICV (Instituto Centro e Vida), uma Oscip de monitoramento de queimadas no estado, havia detectado fogo na área do parque nacional, mas, segundo o ICMBio, órgão federal administrador do parque, trata-se de ações de Manejo Integrado do Fogo (MIF), que têm caráter preventivo e controlado pela gestão do local, e por isso não considerado área atingida por incêndio, que são dados que excluem manejos de fogo.
De acordo com a Tenente Coronel Sheila Santana, uma pequena chuva na última terça-feira (1) ajudou a amenizar o fogo na região.
“O combate indireto se mostrou efetivo na trilha Tope de Fita, pois após esse combate, foi possível confinar e controlar a cabeça do incêndio que se dirigia para o Parque Nacional. As equipes permanecem no local para monitoramento de reignições”, afirma a tenente.
Apesar disso, ainda há focos de incêndio na parte superior do parque, conhecida pelo mirante Alto do Céu e pelo Vale da Bênção, mas que estão sendo controlados.
Dados do Instituto Centro de Vida (ICV) apontam que 9.250 hectares já foram atingidos pelo fogo em Chapada dos Guimarães desde o início do ano: 7.681 hectares em área de proteção ambiental, sendo 4.800 hectares na última semana, 1.073 hectares no Parque Nacional e 496 hectares na estrada do parque.
Os dados são da plataforma Global Fire Emissions Database, da Nasa, a agência espacial americana, e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O coordenador de inteligência territorial do ICV, Vinícius Silgueiro, explica que é preciso alerta máximo para que o fogo não tome proporções alarmantes como ocorreu em 2019.
"As autoridades e todos nós temos que estar atentos para que isso não fuja do controle e aconteça como no ano passado, quando mais 50 mil hectares foram destruídos", lembra.
Segundo Silgueiro, apesar de o cerrado ter uma capacidade de regeneração maior que a Amazônia, por exemplo, a flora da região não aguentaria dois anos consecutivos de incêndio.
"O cerrado se adapta muito bem. Porém dois anos seguidos de incêndios em grandes proporções seriam um desastre ambiental para o parque", diz.
Segundo dados do Inpe, entre 1º e 31 de agosto de 2020 foram registrados 10.430 focos de incêndio no estado. Em agosto de 2019, o volume foi de 8.030, o que representa incremento de 29,9%.
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