Pinguins-imperadores sofreram baixas de reprodução em 2023 por recorde negativo de gelo

Dezenas de milhares de filhotes provavelmente morreram, dizem cientistas

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Gloria Dickie
Reuters

O recorde negativo de gelo marinho registrado no final de 2023 levou a falhas na reprodução em um quinto das colônias de pinguins-imperadores da Antártida, disseram cientistas do British Antarctic Survey nesta quinta-feira (25), Dia Mundial do Pinguim.

Os imperadores —a maior espécie de pinguim do mundo e uma das únicas duas endêmicas da Antártida— dependem de gelo marinho firmemente ligado à costa para colocar seus ovos e criar seus filhotes. Se o gelo se quebra muito cedo, os filhotes são forçados a entrar no mar antes que suas penas à prova d'água tenham se desenvolvido completamente.

"Eles vão congelar até a morte ou vão se afogar", explicou Peter Fretwell, cientista do British Antarctic Survey que estuda a vida selvagem usando satélites.

Pinguins em grupo
Pinguins-imperadores em Dumont d'Urville, na Antártida - Martin Passingham - 10.abr.2012/Reuters

Isso aconteceu em 14 das 66 colônias de pinguins-imperadores da Antártida no ano passado, à medida que a extensão do gelo marinho da Antártida encolheu para uma mínima recorde, impulsionada em parte pelo aquecimento causado pelas mudanças climáticas. Dezenas de milhares de filhotes provavelmente morreram.

A extensão do gelo marinho na primavera e no verão ao redor da Antártida caiu significativamente nos últimos sete anos, com 2022 e 2023 registrando mínimas recordes no verão.

Embora 2023 tenha registrado uma extensão de gelo marinho menor do que no ano anterior em quase todos os meses da temporada de reprodução, as colônias de pinguins-imperadores tiveram menos falhas na reprodução do que em 2022, quando foi afetado quase em um terço de todas as colônias, disse Fretwell.

Isso ocorreu em parte porque houve menos eventos de quebra de gelo marinho em 2023, enquanto algumas aves também pareciam se adaptar às condições alteradas.

"Talvez meia dúzia ou mais das colônias afetadas em 2022 tenham tomado medidas e mudado seus locais de reprodução", disse Fretwell, que pesquisou os movimentos das aves e as falhas na reprodução por meio do satélite Sentinel-2 do programa Copernicus.

Algumas se mudaram para o sul para encontrar um gelo melhor, enquanto outras colônias foram para plataformas de gelo mais estáveis ou para grandes icebergs para tentar evitar as piores condições.

Isso, afirmou Fretwell, foi reconfortante "porque mostra que essas aves vão se adaptar às condições em mudança até certo ponto".

Ainda assim, os cientistas preveem que 99% dos pinguins-imperadores serão perdidos até o final deste século se o gelo marinho continuar a diminuir devido às mudanças climáticas causadas pela queima de combustíveis fósseis.

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