Descrição de chapéu Financial Times desmatamento

Perda da floresta amazônica se agrava com destruição ao redor de estradas

Oeste do Brasil foi particularmente atingido, aponta pesquisa; baixas não relacionadas a incêndios sobem mais de 25%

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Camilla Hodgson Chris Campbell
Financial Times

A destruição da floresta ao redor das estradas alimentou um "pico acentuado" na perda de árvores na floresta amazônica no Brasil, com a taxa de baixas não relacionadas a incêndios subindo mais de 25% em algumas áreas, segundo descobriram pesquisadores.

"Não é necessariamente um fenômeno novo ver a perda de florestas em torno de estradas", disse Mikaela Weisse, vice-diretora do Global Forest Watch no World Resources Institute, que divulgou os dados. "O que há de novo este ano, ou foi intensificado, é a taxa dessa perda."

Imagem panorâmica mostra floresta queimada
Queimada em uma área próxima a rodovia Transamazônica, na zona rural de Apui, no sul do Amazonas - Lalo de Almeida - 20.ago.2020/Folhapress

O oeste do Brasil foi particularmente atingido, descobriram os pesquisadores em seu balanço anual. Novos pontos críticos apareceram nas áreas mais acessíveis das florestas, próximas às estradas, que provavelmente estavam sendo desmatadas para criar pastagens, disseram eles.

Na Amazônia, algumas estradas foram pavimentadas pela primeira vez, tornando a floresta mais fácil de acessar e derrubar, descobriram os pesquisadores. "Uma pergunta interessante é: as estradas causam o desmatamento ou é o incentivo para desmatar que está criando estradas?", perguntou Weisse.

O Brasil foi responsável por mais de 40% da perda global de florestas primárias nos trópicos no ano passado, aproximadamente o mesmo índice que no ano anterior. O país liderou a lista global de perda de florestas primárias tropicais: cerca de 1,5 milhão de hectares, área aproximadamente do tamanho das ilhas Bahamas, segundo a Universidade de Maryland (EUA), que compilou os dados.

Acabar com o desmatamento foi identificado por especialistas como um passo crucial na redução das emissões de carbono. Interromper a prática destrutiva globalmente poderia impedir que 3,6 gigatoneladas de dióxido de carbono fossem emitidas de hoje até 2050, afirma o relatório sobre a situação das florestas mundiais da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).

A América do Sul foi a região com maior potencial de economia de carbono, segundo a FAO. Plantar árvores em terras degradadas no mundo todo também poderá retirar cerca de 1,2 gigatonelada de carbono até 2050, acrescentou.

Globalmente, a quantidade de floresta primária tropical perdida em 2021 caiu ligeiramente, para cerca de 3,75 milhões de hectares, área maior que a da Bélgica, com a taxa permanecendo estável desde 2018, descobriram os pesquisadores de Maryland.

Essas perdas totais resultaram em 2,5 gigatoneladas de poluição de carbono, volume aproximadamente equivalente às emissões anuais da Índia, estimaram.

A Indonésia provou ser um raro ponto positivo, onde a taxa de perda de árvores diminuiu pelo quinto ano consecutivo, caindo 25% em comparação com 2020. No entanto, ainda ficou em quarto lugar na lista de países por perda de árvores tropicais.

Mais de 140 países, incluindo o Brasil, concordaram em interromper e reverter a perda de florestas na cúpula da COP26 no ano passado em Glasgow (Escócia). Mas o desmatamento na Amazônia brasileira atingiu um pico de 15 anos nos 12 meses até julho de 2021, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.

Esta semana, a FAO disse que a expansão das terras agrícolas, incluindo as plantações de óleo de palma, foi o "principal motor do desmatamento", responsável por cerca de metade da prática em todo o mundo. A criação de gado também foi um impulsionador, respondendo por pouco mais de um terço.

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