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Ásia foi a região mais afetada por desastres climáticos em 2023, diz relatório da ONU

Documento aponta que no ano passado foram notificados 79 desastres associados a chuvas no continente

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RFI

Enquanto a China enfrenta chuvas torrenciais que colocaram o sul do país em alerta vermelho, um novo relatório aponta que a Ásia foi a região do mundo mais afetada por desastres relacionados ao clima em 2023.

O documento foi publicado nesta terça-feira (23) pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), instituição da ONU (Organização das Nações Unidas).

Utilizando indicadores como temperatura, o recuo de geleiras e o aumento do nível do mar, o relatório Estado do Clima na Ásia destaca a aceleração das mudanças climáticas, que terão grandes impactos nas sociedades, economias e ecossistemas da região.

Mulher segurando um guarda-chuva e segurando uma bacia caminha por um beco inundado por água suja
Mulher caminha por um beco inundado em Hong Kong, após a cidade evitar danos mais graves pela passagem de um tufão pela região - Mladen Antonov - 8.set.2023/AFP

"As alterações climáticas exacerbaram a frequência e a gravidade de tais eventos, impactando profundamente as sociedades, as economias e, mais importante, as vidas humanas e o ambiente em que vivemos", disse Celeste Saulo, diretora do órgão, num comunicado de imprensa.

O ano de 2023 foi o mais quente já registrado em todo o mundo e, na Ásia, o impacto das ondas de calor está se tornando cada vez mais severo, ressalta a OMM, acrescentando que o derretimento das geleiras —particularmente nos Himalaias— ameaça a segurança hídrica da região.

Além disso, o continente está aquecendo mais rapidamente do que a média global. No ano passado, foram registradas temperaturas quase 2°C superiores à média de 1961 a 1990.

"As conclusões do relatório são preocupantes", afirma Saulo. O documento aponta que 2023 foi o ano mais quente já registrado em muitos países da região, trazendo uma série de condições extremas, desde secas e ondas de calor a inundações e tempestades.

Aumento das temperaturas

A temperatura média anual na Ásia em 2023 foi a segunda mais alta já registrada, ficando 0,91°C acima da média de 1991 a 2020 e 1,87 °C acima da média de 1961 a 1990.

Temperaturas médias particularmente altas foram registradas do oeste da Sibéria à Ásia Central, e do leste da China ao Japão, país que viveu o verão mais quente já registrado, conforme o relatório.

Já as precipitações ficaram abaixo do normal no Himalaia e na cordilheira do Hindu Kush, no Paquistão e no Afeganistão. O sudoeste da China sofreu uma seca, com níveis de chuvas abaixo do normal em quase todos os meses do ano.

A região dos Himalaias, no planalto tibetano, tem o maior volume de gelo fora das regiões polares. Nas últimas décadas, a maioria destes glaciares recuou, e a um ritmo acelerado, afirmou a OMM. Vinte das 22 geleiras monitoradas na região mostraram perda contínua de massa no ano passado.

O relatório afirma também que as temperaturas da superfície do mar no noroeste do Oceano Pacífico em 2023 foram as mais altas já registradas.

No ano passado, foram notificados 79 desastres associados a riscos hidrometeorológicos —ou seja, eventos naturais que ocorrem em caso de chuva. Destes, mais de 80% foram inundações e tempestades, que causaram mais de 2.000 mortes. Nove milhões de pessoas foram diretamente afetadas.

"As inundações foram, de longe, a principal causa de morte entre os eventos relatados em 2023", sublinha a OMM, ressaltando o elevado nível de vulnerabilidade da Ásia a eventos de risco natural.

Após um tufão, Hong Kong registrou 158,1 milímetros de precipitação numa hora em 7 de setembro de 2023, um recorde desde que os registros começaram, em 1884.

A OMM considera urgente que os serviços meteorológicos nacionais da região produzam dados para melhor alertar sobre os riscos.

"É imperativo que as nossas ações e estratégias reflitam a urgência deste momento", destaca Saulo. "Reduzir as emissões de gases do efeito estufa e adaptar-se às mudanças climáticas é uma necessidade fundamental".

Alerta vermelho por chuvas na China

A China colocou parte do sul do país em alerta vermelho (o nível mais alto) nesta terça-feira (23) devido às chuvas torrenciais em Guangdong. Desde quinta-feira (18), chuvas torrenciais atingem a província costeira, a mais populosa da China, com 127 milhões de habitantes.

A região é emblemática do poder industrial chinês, com as suas dezenas de milhares de fábricas orientadas para a exportação, e onde fica a cidade de Shenzhen, metrópole de 17,7 milhões de habitantes, fronteiriça com Hong Kong.

O mau tempo deixou pelo menos quatro mortos e milhares de pessoas tiveram que ser deslocadas, segundo um relatório emitido na segunda-feira (22).

As chuvas dos últimos dias fizeram com que os rios transbordassem a tal ponto que estas poderiam ser as maiores "inundações do século", alertaram as autoridades.

Com informações da AFP.

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