Após tentativas malsucedidas, IOP cogita tentar reintroduzir onça na natureza

Instituto alvo de multas do Ibama hoje se concentra no modelo de conservação em cativeiro

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São Paulo

Alvo neste ano de multas do Ibama, o Instituto Onça-Pintada (IOP), em Goiás, diz que hoje está concentrado na conservação de animais em cativeiro. Não descarta, porém, a possibilidade de tentar reintroduzi-los na natureza, apesar de acumular algumas experiências malsucedidas.

Atualmente, o IOP, tocado por Leandro Silveira e sua esposa, Anah Tereza de Almeida Jácomo, adota o modelo conhecido como "ex-situ", ou seja, fora do seu "lugar". "Se não tivermos animais saudáveis em cativeiro para futuras solturas, a espécie poderá ser extinta definitivamente", afirma o instituto, em nota à Folha.

A instituição de Leandro e Anah, em 2012, foi pioneira ao tentar reintroduzir uma onça-pintada na natureza, com apoio do Ibama, fato destacado pelos especialistas ouvidos. A tentativa falhou. Filhotes que tiveram os pais mortos ou bichos machucados são algumas das possibilidades de animais que, eventualmente, podem ser reintroduzidos na natureza após um resgate.

Homem ao lado de onça-pintada
Leandro Silveira, um dos fundadores do Instituto Onça-Pintada, com a onça Tufão - Reprodução/Instagram

Em uma reportagem do programa Fantástico, da Rede Globo, em janeiro de 2014, Leandro a Anah falavam sobre os preparativos para a reintrodução de Pantera (uma onça-preta) e Juma. Em março do mesmo ano, uma reportagem do Globo Repórter, da mesma emissora, contava que Pantera e Juma não seriam mais libertadas na natureza.

"O problema é que eles perderam o medo do ser humano. A pantera é um animal que ficou extremamente tolerante ao ser humano. Ela não enxerga o homem como presa e provavelmente nunca vai atacar alguém. Mas as pessoas não sabem disso e vão atirar na primeira oportunidade", dizia Leandro, enquanto o repórter agradava Pantera.

Instituto Onça-Pintada

  • Criação

    2002

  • O que é

    Em seu site, instituto diz que tem como missão cuja missão preservar a onça-pintada e, para isso, faz e dá apoio para pesquisas com a espécie

  • Números de animais atualmente no instituto

    117

O receio dos biólogos pode ser relacionado ao histórico de tentativas. Em maio deste ano, Leandro, ao podcast Inteligência Ltda., contou que já tentou soltar sete onças e todas acabaram mortas —uma delas chegou a ficar oito meses na natureza. Segundo ele, cada soltura tem um custo estimado de R$ 600 mil a R$ 1,5 milhão.

"Em determinado momento, apesar de estarem caçando e terem estabelecido territórios, eventualmente se aproximavam de sedes de fazendas", diz o instituto, em nota, ao falar sobre onças que foram recolhidas após a soltura.

Uma reinserção bem-sucedida de onça-pintada foi anunciada, em 2016, pelo ICMBio, em parceria com outra instituição. "O IOP [Instituto Onça-Pintada] tem planos de reintroduzir onças-pintadas, antas, lobos-guará e tamanduá-bandeira no futuro", diz a instituição.

Em nota à reportagem, o instituto diz entender que devolver animais à natureza é uma ação "simpática perante a opinião pública", mas que ainda é mais eficiente garantir que novos animais não sejam mortos do que soltar os órfãos que surgem.

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