Tartarugas nascem em área ainda sem proteção ambiental em Rondônia; veja vídeo

Região fica às margens do rio Guaporé e é considerada a mais importante do planeta para reprodução de quelônios fluviais

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Belo Horizonte

Só do alto para se ter a noção do que acontece anualmente às margens do rio Guaporé, em Rondônia, na fronteira do Brasil com a Bolívia.

Um número impressionante de filhotes de tartarugas-da-amazônia sai de seus ovos e se dirige para o rio. Animais da espécie podem chegar a ter 90 quilos.

Dezenas de filhotes de tartarugas na área
Reprodução de vídeo que mostra o nascimento de tartarugas-da-amazônia em São Francisco do Guaporé (RO) - Wildlife Conservation Society/Divulgação

A região é considerada como a mais importante do mundo para reprodução de tartarugas de águas fluviais, segundo a WCS (Wildlife Conservation Society).

A entidade ambiental gravou um vídeo com imagens áreas da região, em parceria com a associação local Ecovale. Segundo a WCS, cerca de 80 mil fêmeas depositam anualmente seus ovos, entre setembro e outubro, às margens do Guaporé.


Vídeo: As imagens da reprodução de tartarugas em Rondônia


No lado brasileiro, a desova ocorre no município de São Francisco do Guaporé. Cada fêmea deixa na região cerca de cem ovos, que eclodem em dezembro, prazo que pode se estender até janeiro. A reprodução, considerados esses números, pode chegar a oito milhões de filhotes, portanto.

Os números das fêmeas e também de filhotes nascidos às margens do curso d'água ainda são uma estimativa. Um levantamento com a utilização de drones ainda está em andamento.

Já é certo, porém, que a região ultrapassa em muito, por exemplo, a área de reprodução da espécie na reserva biológica do Abufari, no Amazonas, considerada uma das maiores da Amazônia e que registra a presença anual de 2.000 fêmeas, segundo a WCS.

A região às margens do rio Guaporé utilizada pelas tartarugas-da-amazônia para reprodução ainda não foi transformada em reserva ecológica, e a falta de proteção de uma área tão importante gera temor.

O diretor-adjunto da WCS Brasil, Marcos Amend, cita alguns pontos que podem ajudar a explicar a conservação da região.

Um ponto é a conscientização local por parte da população, inclusive fazendeiros, que não ampliam suas atividades em direção ao rio. Outro é o fato de não haver no estado o hábito de se consumir carne, ovos e produtos derivados de tartaruga.

"Em outras regiões da Amazônia é comum ver tanques para tartarugas nas residências", afirma o diretor adjunto da WCS Brasil.

Amend diz que, mesmo com toda a conservação da área desprotegida utilizada pelas tartarugas-da-amazonia para reprodução, a entidade vai iniciar contato com o governo federal para transformação das margens do rio em São Francisco do Guaporé em unidade de conservação.

"Antes, porém, é preciso saber exatamente quantos animais vão para a região à época da desova, quantos filhotes nascem e por qual motivo a espécie utiliza esta região para reprodução", argumenta o representante da WCS.

Outro dado que será apurado é a área exata em que ocorre a reprodução e para onde se dirigem os animais, tanto as fêmeas como os filhotes.

No lado boliviano, segundo a WCS Brasil, as margens do Guaporé já estão sob proteção oficial. Por ser uma área de fronteira, conforme a entidade, a reserva deverá ser de alçada federal.

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