Hora do Planeta, neste sábado, se reinventa e chama para número recorde de ações ambientais

Mobilização criada pela ONG WWF busca ir além de apagar as luzes e quer somar 60 mil horas de atividades

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Andrea Vialli
São Paulo

Na semana em que ecoou o mais recente relatório do painel científico do clima da ONU (IPCC, na sigla em inglês), com alertas sobre a necessidade de tomada de ação urgente para reverter os piores cenários das mudanças climáticas, a Hora do Planeta, movimento global de conscientização sobre a crise ambiental, pretende registrar um recorde de participação neste sábado (25).

A proposta inicial do movimento, que nasceu em Sidney, na Austrália, em 2007 e chegou ao Brasil dois anos depois, era apagar as luzes por uma hora, a partir das 20h30, como forma de conscientização sobre a crise climática.

A campanha, capitaneada pela ONG internacional WWF, se alastrou pelo mundo e recebeu a adesão de mais de cem países. Monumentos famosos como o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, a Torre Eiffel, em Paris, e a Ópera de Sidney são apoiadores da iniciativa desde o início, que também mobiliza empresas, escolas, comunidades e prefeituras.

Cristo no escuro, no Rio, durante a noite, com luzes em outros pontos da cidade
Cristo Redentor com as luzes apagadas durante a Hora do Planeta em 2022; mobilização busca chamar atenção para as mudanças climáticas - Mauro Pimentel - 26.mar.2022/AFP

Neste ano, a ideia é ir além de apagar as luzes por uma hora no sábado à noite. A ideia é persuadir milhões de pessoas em todo o mundo a realizar qualquer ação, individual ou coletiva, em prol do planeta, por 60 minutos no sábado a partir das 20h30.

"O mote deste ano é ‘Dedique uma hora para o planeta’. Vale desligar as luzes, mas também envolver família e amigos em um mutirão de limpeza na comunidade ou fazer uma ação de educação ambiental", diz Giselli Cavalcanti, analista de engajamento do WWF Brasil.

A organização recomenda que as atividades sejam cadastradas no site da Hora do Planeta para que a mobilização atinja recorde de participação. A proposta do WWF este ano é acumular um "banco de horas" de mais de 60 mil horas de atividades em prol do ambiente, de modo a causar um impacto maior.

Até o momento, a ONG contabiliza 52 mil horas de promessas de contribuição de pessoas e empresas de 137 países.

Pirâmide de vidro na área externa do museu do Louvre com as luzes apagadas
Pirâmide do Louvre, em Paris, desenhada pelo artista Ieoh Ming Pei, com as luzes apagadas durante a Hora do Planeta de 2022 - Stephane de Sakutin - 26.mar.2022/AFP

No Brasil, a adesão triplicou na última semana e já foram cadastradas mais de 420 ações e a participação de 65 empresas.

Entre elas, estão atividades presenciais e virtuais de grupos de escoteiros nas cinco regiões do país, palestras em escolas sobre pegada ecológica, mutirão de coletas de materiais recicláveis e ações de conscientização sobre uso de água e energia. E sim, o Cristo Redentor, parceiro da iniciativa desde 2013, terá suas luzes apagadas mais uma vez.

A mudança para esse formato de "banco de horas" partiu da necessidade do movimento de se reinventar, segundo Cavalcanti. A mobilização tem sido contínua nos últimos anos, mesmo durante a pandemia de Covid, mas o WWF percebeu que era preciso ir além da mensagem de apagar as luzes.

"As principais crises ambientais do nosso tempo, do clima e da biodiversidade, só pioraram desde 2007, mas temos a oportunidade de engajar para aumentar a ação antes que se tornem irreversíveis, como coloca o mais recente relatório do IPCC", diz.

Segundo ela, os alertas dos cientistas do painel do clima da ONU se conectam com a Hora do Planeta por serem ambos um chamado para a ação e uma cobrança para que políticos e empresas tomem medidas mais efetivas para frear os impactos ambientais.

A mudança de estratégia de mobilização da Hora do Planeta é bem-vinda, pois pode gerar ações em cadeia, na visão de Marcus Nakagawa, professor doutor e coordenador do centro de desenvolvimento socioambiental da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing).

"É importante trazer a Hora do Planeta como uma atitude pessoal e promover a perpetuidade do dia até que vire um hábito, para que as pessoas se mobilizem para parar e fazer algo pelo ambiente", diz Nakagawa, que é autor do livro "101 Dias com Ações Mais Sustentáveis para Mudar o Mundo" (editora Labrador).

Ao mesmo tempo, manter o apagão das luzes segue como uma forma de chamar atenção para o tema –especialmente quando prefeituras aderem e desligam a energia de prédios públicos e monumentos—, mas, na visão de Nakagawa, o ato deve vir ancorado na promoção de ações mais sistêmicas envolvendo a população local.

"Os governos municipais têm um grande poder de multiplicação da festividade", diz.

O projeto Planeta em Transe é apoiado pela Open Society Foundations.

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