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Detector de raios a partir do espaço melhora previsão de tempestades severas

Nova tecnologia europeia de satélites pretende proteger comunidades de condições meteorológicas extremas

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Clive Cookson
Londres | Financial Times

Um novo detector baseado no espaço capaz de prever tempestades severas foi elogiado por meteorologistas, depois que as primeiras observações espetaculares foram divulgadas mostrando relâmpagos piscando muitas vezes por segundo sobre a Europa e a África.

O gerador de imagens do satélite europeu Meteosat de Terceira Geração, lançado em dezembro passado, detecta toda a atividade de raios —dentro e entre as nuvens e seus impactos no solo— de sua órbita geoestacionária 36 mil quilômetros acima do Equador, sobre a África central.

Imagem mostra a estátua do Cristo Redentor muito distante, à noite, com o céu riscado por alguns raios
Relâmpagos iluminam a estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro - Xu Zijian-12.out.2016/Xinhua

"Tempestades severas são muitas vezes precedidas por mudanças abruptas na atividade dos raios", disse Phil Evans, diretor-geral da Eumetsat, a agência europeia de satélites meteorológicos que opera o Meteosat. "Ao observar essas mudanças na atividade, os dados do imageador de raios darão aos meteorologistas uma confiança adicional em suas previsões de tempestades severas."

Essas tempestades causaram danos estimados em 500 bilhões de euros (R$ 2,63 trilhões) nos últimos 40 anos somente na Europa, disse a Eumetsat, e estão se tornando mais frequentes em consequência das mudanças climáticas. Os avanços na tecnologia de detecção ajudarão as autoridades a proteger melhor vidas e meios de subsistência de eventos climáticos extremos, disse Evans em um relatório que apresentou as imagens na segunda-feira (3).

Desenho de satélite no espaço apontando para a África
Ilustração demonstra funcionamento de novo satélite da empresa Eumetsat, criado para melhorar a previsão de tempestades com a observação de raios a partir do espaço - Eumetsat/Divulgação

O hemisfério ocidental já possui um sistema de detecção de raios fornecido pelos satélites da Noaa (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica) dos EUA, que o Serviço Nacional de Meteorologia dos EUA usa para prever tempestades intensas. Os dados alimentam um modelo de alerta LightningCast que incorpora algoritmos baseados em inteligência artificial para prever atividades de tempestades.

Segundo seu desenvolvedor, a empresa aeroespacial italiana Leonardo, o novo sistema da Eumetsat tem maior resolução e desempenho do que sua contraparte americana lançada em 2016.

"O captador de raios tem quatro câmeras, e cada uma pode capturar mil imagens por segundo, dia e noite, detectando até mesmo um único raio em 0,6 milissegundos –mais rápido que um piscar de olhos", disse Guia Pastorini, gerente de engenharia de projetos da Leonardo.

A análise baseada em IA reduz a quantidade de dados transmitidos de volta à Terra em mais de 1.000 vezes, rejeitando tudo o que não está diretamente relacionado a raios. "Graças a algoritmos específicos, os dados são processados a bordo para enviar apenas informações úteis", disse ela.

Os raios matam vários milhares de pessoas por ano em todo o mundo –principalmente em regiões tropicais. É importante meteorologicamente como um indicador de tempestades severas, com chuvas intensas e ventos fortes, que causam mais danos.

"Acima de tudo, trata-se de proteger vidas e meios de subsistência, permitindo que os meteorologistas acompanhem o desenvolvimento de tempestades severas e forneçam um prazo maior para alertar autoridades e comunidades", disse Evans.

A Eumetsat não emite avisos de tempestade diretamente, mas fornece dados aos serviços meteorológicos nacionais que alertam o público, empresas e autoridades locais.

Gary Fowler, gerente de instrumentos da Eumetsat, espera que as observações sejam particularmente úteis para os serviços meteorológicos da África central, que tem um dos níveis mais altos de atividade de raios do mundo, mas instalações limitadas para observações do solo.

O satélite MTGI1 fornece imagens de nuvens e sistemas meteorológicos, bem como relâmpagos, aumentando ainda mais sua capacidade de previsão. A fase de comissionamento vai até o início de 2024, quando ficará totalmente operacional. É o primeiro dos três satélites no planejado sistema Meteosat de Terceira Geração de 4,6 bilhões de euros, com conclusão prevista para 2026.

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