Mundo vive colapso climático e 2023 será o ano mais quente da história, diz ONU

Aquecimento global foi de cerca de 1,4°C acima dos níveis pré-industriais no último período

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Reuters e AFP

António Guterres, secretário-geral da ONU, afirmou nesta quinta-feira (30) que estamos vivendo um "colapso climático em tempo real" e que os recordes de temperatura deveriam "fazer os líderes mundiais suarem frio".

A declaração foi dada em anúncio de que 2023 será o ano mais quente da história, segundo análise da OMM (Organização Meteorológica Mundial), ligada à ONU. A constatação vem junto à abertura da COP28, conferência do clima da ONU que começa nesta quinta-feira em Dubai, e deve aumentar a pressão sobre as discussões na cúpula.

Faltando um mês para o fim do ano, a OMM concluiu que 2023 atingirá um aquecimento global de cerca de 1,4°C acima dos níveis pré-industriais, somando-se a "uma cacofonia ensurdecedora" de recordes climáticos quebrados.

Retrato de Antonio Guterres
António Guterres, secretário-geral da ONU, em entrevista em Nova York na quarta (29) - Andrea Renault/AFP

O relatório provisório da OMM sobre o estado do clima global vê que 2023 será o ano mais quente por uma grande margem, substituindo o recordista anterior, 2016, quando o mundo estava cerca de 1,2°C mais quente do que a média pré-industrial.

A previsão de que este será o ano mais quente já havia sido feita pelo observatório climático europeu Copernicus, que afirma que o recorde abrange 125 mil anos.

"Este ano vimos comunidades em todo o mundo atingidas por incêndios, inundações e temperaturas extremas", recordou António Guterres.

O secretário-geral da OMM, Peterri Taalas enumerou outros recordes, também em oceanos e gelo marinho. "Os níveis de gases de efeito estufa estão em patamares recordes. As temperaturas globais estão em níveis recordes. O aumento do nível do mar é recorde. O gelo marinho da Antártida é recorde de baixa", disse.

Na abertura da COP28, o secretário-executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (UNFCCC, na sigla em inglês), Simon Stiell, pediu ao mundo que sinalize o "declínio definitivo da era dos combustíveis fósseis".

Alguns minutos antes, o presidente da COP28, Sultan Ahmed al-Jaber, defendeu a menção do "papel dos combustíveis fósseis" no acordo final.

A conclusão do relatório da OMM, no entanto, não significa que o mundo está prestes a ultrapassar o limite de aquecimento de longo prazo de 1,5°C, que, segundo os cientistas, é o teto para evitar uma mudança climática catastrófica nos termos do Acordo de Paris, assinado em 2015.

Para isso, o nível de aquecimento precisaria ser mantido por mais tempo. Um ano de 1,4°C já proporcionou, porém, uma prévia assustadora do que pode significar ultrapassar permanentemente 1,5°C.

Neste ano, o gelo marinho da Antártica atingiu sua menor extensão máxima de inverno já registrada, cerca de 1 milhão de quilômetros quadrados a menos do que o recorde anterior. As geleiras suíças perderam cerca de 10% de seu volume remanescente nos últimos dois anos, segundo o relatório. E os incêndios florestais queimaram uma área recorde no Canadá, totalizando cerca de 5% das florestas do país.

A mudança climática, impulsionada pela queima de combustíveis fósseis, combinada com o surgimento do padrão climático natural do El Niño no Pacífico Oriental, levou o mundo a um território de recordes neste ano.

O próximo ano pode ser pior, disseram os cientistas, pois os impactos do El Nino provavelmente atingirão o pico e levarão a temperaturas mais altas em 2024.

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