Descrição de chapéu Planeta em Transe petrobras

Presidente do Ibama diz que decisão sobre perfurar Foz do Amazonas sai no início de 2024

Rodrigo Agostinho teve reunião no Planalto com Lula e a ministra Marina Silva para discutir proteção dos biomas

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Brasília

O presidente do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais), Rodrigo Agostinho, afirmou nesta quarta-feira (22) que a resposta do órgão ao pedido da Petrobras para perfurar e prospectar petróleo na bacia Foz do Amazonas deve sair no início de 2024.

Agostinho participou de reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Palácio do Planalto, ao lado da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, secretários da pasta e representantes dos diferentes biomas brasileiros.

Vista aérea de um rio na margem da floresta
Parque Nacional do Cabo Orange, no norte do Amapá, na fronteira com a Guiana Francesa, em foto de 2016 - Victor Moriyama/Greenpeace

O encontro foi solicitado pelo próprio Lula, para alinhar principalmente a posição brasileira de enfrentamento aos crimes ambientais, às vésperas da COP28, nos Emirados Árabes Unidos. Um dos pontos da discussão foram os planos contra desmatamento nos biomas brasileiros

A fala de Agostinho sobre a perfuração da Foz do Amazonas aconteceu ao ser questionado por jornalistas, após o encontro.

"A equipe [do Ibama] está analisando. Não tem ainda uma conclusão. A equipe concluiu agora vários processos de licenciamento, a maior parte deles da Petrobras. Hoje, existem mais de cem processos da Petrobras tramitando com o Ibama", afirmou Agostinho.

"O Ibama está fazendo um trabalho prioritário em relação a isso. E, provavelmente, no começo do ano, a gente tenha alguma resposta relacionada a esse pedido específico, que é o lote 059, localizado na região conhecida como Foz do Amazonas. Nós ainda não temos uma conclusão disso, a gente sabe que a Petrobras continua realizando estudos", completou.

A questão de prospectar petróleo na região vem provocando uma divisão no governo Lula há mais de seis meses. A possibilidade de avançar com os estudos na área coloca de um lado a ala mais ligada ao Meio Ambiente e, de outro, a ala política e também o Ministério de Minas e Energia.

Em maio, Agostinho acompanhou parecer técnico do órgão e negou a licença para a Petrobras perfurar o bloco 59 da bacia Foz do Amazonas.

A decisão foi tomada após o Ibama demonstrar preocupação com as atividades da petroleira em uma região de vulnerabilidade socioambiental. Faltavam estudos que comprovassem que a exploração de petróleo não terá impacto ambiental, segundo o Ibama.

A Petrobras pediu reconsideração da decisão posteriormente, enviando uma série de novos documentos e estudos sobre a questão. Apresentou, por exemplo, a proposta de reforçar a quantidade de balsas na região, para amenizar o impacto de um eventual vazamento.

A pedido do Ministério das Minas e Energia, AGU (Advocacia-Geral da União) concluiu em agosto um parecer jurídico que abriu caminho para que o governo avançasse com os estudos e a consequente exploração de petróleo na região da Foz do Amazonas.

A advocacia, no documento, conclui que não é obrigatória a realização de uma AAAS (avaliação ambiental de área sedimentar) para a emissão de licença de perfuração no bloco 59 da bacia.

A ministra Marina Silva, por outro lado, afirmou, dias após a emissão do parecer, que a AAAS não é uma condicionante para a liberação da licença e que a avaliação do pedido da Petrobras seguirá critérios técnicos.

"O Ibama nunca disse que era [condicionante]. Disse que é uma ferramenta de planejamento que com certeza ajuda nos processos de licenciamento. Posso fazer com uma lente ampliada, olhando para os empreendimentos da bacia [da Foz do Amazonas]", disse a ministra, durante audiência no Senado.

Em relação à conversa com o presidente nesta quarta-feira (22), Marina Silva disse que o Brasil vai manter a posição de levar para a COP o compromisso de limitar o aquecimento global a 1,5°C.

"O Brasil vai para a COP28 de 1,5°C, nem um pouco a mais, em relação à mudança da temperatura da Terra", afirmou a ministra, para jornalistas, em referência à meta do Acordo de Paris.

O governo afirma que vai manter também uma agenda de uma transição justa, que leve em conta as necessidades dos países em desenvolvimento.

Marina disse ainda que o plano de combate a crimes ambientais no cerrado, o chamado PPCerrado, já está pronto para ser lançado e reforçou a intenção de decretar emergência climática em 1.038 municípios do Brasil.

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