Descrição de chapéu COP28 mudança climática

Emissões globais por combustíveis fósseis serão recorde em 2023, projeta relatório

Aumento em relação a 2022 deve ficar na casa de 1,1%; mundo precisaria cortar emissões em 43% até 2030 para se manter abaixo de 1,5°C de aquecimento

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Kate Abnett
Dubai | Reuters

Cientistas afirmaram que as emissões globais de dióxido de carbono provenientes da queima de combustíveis fósseis estão prestes a atingir um recorde este ano, exacerbando as mudanças climáticas e alimentando fenômenos climáticos extremos mais destrutivos.

O relatório sobre o Orçamento Global de Carbono, publicado na madrugada de terça-feira (5) de Dubai (noite de segunda, no Brasil), durante a COP28, mostrou que as emissões totais de CO2, que atingiram um recorde no ano passado, devem se estabilizar em 2023 devido a uma leve redução nas emissões associadas a uso da terra, como desmatamento.

Espera-se que os países emitam um total de 36,8 bilhões de toneladas métricas de CO2 provenientes de combustíveis fósseis em 2023, um aumento de 1,1% em relação ao ano passado, concluiu o relatório com participação de cientistas de mais de 90 instituições, incluindo a Universidade de Exeter.

Complexo industrial; chaminé soltando fumaça
Carvão em um parque industrial em Jiexiu, uma cidade na parte central da província de Shanxi, na China - Gilles Sabrié - 22.out.2021/The New York Times

Quando as emissões provenientes do uso da terra são incluídas, as emissões globais de CO2 devem totalizar 40,9 bilhões de toneladas este ano.

Apesar de projetar redução nas emissões derivadas de uso da terra, o relatório aponta que, devido a grande grau de incerteza, a tendência de queda ainda precisa ser confirmada.

As emissões provenientes do carvão, petróleo e gás aumentaram, impulsionadas pela Índia e pela China. O aumento chinês foi causado pela reabertura de sua economia após os bloqueios relacionados à Covid-19, enquanto o aumento da Índia foi resultado do crescimento da demanda de energia mais rápido do que a capacidade de energia renovável do país, deixando os combustíveis fósseis para suprir a lacuna.

A trajetória das emissões deste ano afasta ainda mais o mundo de evitar que o aquecimento global ultrapasse 1,5°C acima da temperatura média dos tempos pré-industriais.

"Agora parece inevitável que ultrapassaremos a meta de 1,5°C do Acordo de Paris", disse o professor Pierre Friedlingstein, de Exeter, que liderou a pesquisa.

Os países concordaram no Acordo de Paris de 2015 em manter o aquecimento bem abaixo de 2°C e visar 1,5°C. Os cientistas afirmaram que mais de 1,5°C desencadeará impactos mais graves e irreversíveis, incluindo calor fatal, inundações catastróficas e a morte de recifes de coral.

"Os líderes que se reunirão na COP28 terão que concordar com cortes rápidos nas emissões de combustíveis fósseis, mesmo para manter viva a meta de 2°C", disse Friedlingstein.

O IPCC (sigla em inglês para Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) afirmou que as emissões mundiais devem diminuir 43% até 2030, para cumprir o limite de 1,5°C.

Em vez disso, as emissões aumentaram nos últimos anos. A pandemia de Covid-19 causou uma breve interrupção nessa tendência, mas as emissões agora estão 1,4% acima dos níveis pré-Covid.

Pesquisadores do Centro de Pesquisa em Energia e Ar Limpo (CREA), sediado em Helsinque, afirmaram no mês passado que as emissões de gases de efeito estufa da China poderiam começar a entrar em "declínio estrutural" já no próximo ano, devido às instalações recordes de energia renovável.

A China é responsável por 31% das emissões globais de CO2 provenientes de combustíveis fósseis.

O novo relatório citou alguns pontos positivos, com as emissões nos Estados Unidos e na União Europeia diminuindo, impulsionadas em parte pela aposentadoria de usinas de carvão.

No geral, 26 países que representam 28% das emissões mundiais estão agora em uma tendência de queda. A maioria está na Europa, disseram os pesquisadores.

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