EUA vão cooperar com Plano de Transformação Ecológica de Haddad, diz Kerry na COP28

Ações exigirão investimentos de até US$ 160 bilhões anuais na próxima década para tecnologias verdes, prevê ministro

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Dubai

O enviado especial do clima dos Estados Unidos, John Kerry, anunciou nesta sexta-feira (01), em nota conjunta com o ministro brasileiro Fernando Haddad (Fazenda), a intenção de cooperar bilateralmente para a implementação do Plano de Transformação Ecológica que está em construção em Brasília.

Segundo a nota, a cooperação deve expandir instrumentos financeiros para a implementação do plano e formar uma coalizão de atores interessados no setor tecnológico, para discutir desde questões regulatórias até mesmo inteligência artificial.

O governo brasileiro planeja lançar forças-tarefa para mobilizar governos, filantropia, setor privado e atores multilaterais na implementação do plano —que ainda é um rascunho de ideias. As forças-tarefa devem se reunir em fevereiro, logo antes do encontro dos ministros das finanças do G20, que já estará sob a presidência brasileira.

Ainda sem apresentar um documento ou discutir propostas do Plano de Transformação Ecológica, o governo organizou um evento com autoridades brasileiras para celebrar a iniciativa na COP28, também nesta sexta.

Kerry gesticula enquanto discursa
John Kerry, enviado especial do clima dos EUA, em evento nos EUA neste mês - Carlos Barria - 16.nov.2023/Reuters

O ministro Fernando Haddad citou uma série de projetos do governo federal como já sendo parte do plano. Entres eles, estão a criação de um mercado de carbono, a emissão de títulos soberanos sustentáveis, a taxonomia sustentável e a revisão do Fundo Clima.

No entanto, o cerne do plano deve ser um pacote de investimento em tecnologias verdes, especialmente no setor energético.

"[Vamos criar] condições para um nova onda de investimentos que terá como objetivo principal o adensamento da indústria, com tecnologia e inovação", afirmou Haddad.

O ministro citou a previsão de que o plano precisará mobilizar investimentos entre US$ 130 bilhões até US$ 160 bilhões anuais nos próximos dez anos, em setores como energia, adaptação climática e mobilidade.

Questionado sobre a ausência de uma previsão para o teto de exploração de combustíveis fósseis no Plano de Transformação Ecológica, Haddad se limitou a responder que o governo está todo se movendo na mesma direção.

"Os ritmos pode ser que não estejam sincronizados", afirmou, em referência aos calendários de desinvestimento em combustíveis fósseis e investimento em fontes renováveis.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante pronunciamento à imprensa em São Paulo
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante pronunciamento à imprensa em São Paulo - Jardiel Carvalho - 24.nov.23/Folhapress

Para Marina Silva (Meio Ambiente), o discurso do presidente Lula na COP28 nesta mesma tarde entregou "o termo de referência" para se discutir o teto para combustíveis fósseis.

"É hora de enfrentar o debate sobre o ritmo lento da descarbonização do planeta e trabalhar por uma economia menos dependente de combustíveis fósseis. Temos de fazê-lo de forma urgente e justa", afirmou Lula na COP28.

Entretanto, para o alto escalão do Ministério de Minas e Energia, o recado de Lula foi interpretado de outra forma. A pasta vê nas cobranças de Lula às responsabilidades dos países ricos um sinal de que o Brasil não se adiantará no movimento de prever a eliminação de combustíveis fósseis.

O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, afirmou durante o evento que o banco está alinhando seus critérios de concessão de créditos à meta de manter o aquecimento global abaixo de 1,5°C. No entanto, não soube responder sobre uma data para a implementação do novo critério.

Para ele, o alinhamento a 1,5°C não impede investimentos em novas explorações de petróleo. "Essas emissões seriam compensadas, é assim que se alinha a 1,5°C", disse à Folha.

O evento contou com a presença, no palco, de Dilma Rousseff, que comanda o banco dos Brics, e de Ilan Goldfajn, presidente do BID (Banco Interamericanos de Desenvolvimento), mas eles não se pronunciaram.

A repórter Ana Carolina Amaral viajou a convite de Avaaz, Instituto Arapyaú e Internews.

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