Papa, em mensagem à COP28, pede solução inovadora contra mudanças climáticas

Francisco não pôde viajar a Dubai para a conferência da ONU, mas enviou discurso

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Reuters

O papa Francisco pediu neste sábado (2) que a COP28, a cúpula climática da ONU, busque um acordo essencial e inovador para conter o aquecimento global, incluindo a eliminação dos combustíveis fósseis. Na mensagem, ele afirma que o clima está "fora de controle".

O papa, de 86 anos, havia planejado comparecer à conferência, mas uma inflamação pulmonar o obrigou a cancelar a viagem e permanecer no Vaticano. Esta teria sido a primeira vez que um papa participaria de uma COP do clima.

O discurso completo elaborado pelo pontífice argentino foi entregue a delegados que estão em Dubai, nos Emirados Árabes, e o secretário de Estado do Vaticano, o cardeal Pietro Parolin, o editou para se manter dentro do limite de tempo de três minutos que cada líder tem para as falas na cúpula.

"Infelizmente, não posso estar presente com vocês, como eu desejava muito. Mesmo assim, estou com vocês, porque o tempo está curto", disse Francisco em sua mensagem.

"Estou com vocês porque agora, mais do que nunca, o futuro de todos nós depende do presente que escolhemos. Estou com vocês porque a destruição do meio ambiente é uma ofensa contra Deus", disse ele.

Papa aponta com um dedo enquanto fala
Papa Francisco em audiência no Vaticano na quarta (29) - Remo Casilli - 29.nov.2023/Reuters

Francisco tem feito da defesa do meio ambiente uma parte central do seu papado. Em dez anos, ele já escreveu dois documentos importantes sobre o assunto —um em 2015, antes da cúpula em que foi assinado o Acordo de Paris, e outro em outubro passado, antes da COP28.

No discurso deste sábado, Francisco retornou aos principais temas de ambos os textos, mas, em sua mensagem aos delegados da COP28, apelou diretamente a eles, dizendo que "é essencial que haja uma mudança significativa que não seja uma alteração parcial de rumo" em Dubai.

"Que esta COP prove ser um ponto de virada, demonstrando uma vontade política clara e tangível que possa levar a uma aceleração decisiva da transição ecológica", disse.

Para alcançar isso, ele afirmou que é necessário avançar na eficiência energética, na energia renovável, na "eliminação dos combustíveis fósseis" e numa mudança de estilo de vida, evitando desperdícios.

Ao dizer que "a lacuna entre os poucos opulentos e as massas de pobres nunca foi tão abismal", o pontífice pediu o perdão da dívida para os países pobres que são menos responsáveis pelas emissões de gases de efeito estufa, mas sofrem mais do que os países desenvolvidos.

Ele chamou isso de pagamento da "dívida ecológica" a que eles têm direito por sofrerem com algo que não causaram.

"Que estejamos atentos ao clamor da Terra, que ouçamos o apelo dos pobres, que sejamos sensíveis às esperanças dos jovens e aos sonhos das crianças! Temos uma grave responsabilidade: garantir que eles não sejam privados do seu futuro", escreveu

"O clima, descontrolado, está clamando para que paremos com essa ilusão de onipotência. Vamos mais uma vez reconhecer nossos limites com humildade e coragem, como o único caminho para uma vida plena", disse.

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