Chefe do clima da ONU implora por financiamento diante de atrasos de pagamentos de países

EUA, Catar e Coreia estão entre as nações em dívida com o braço climático das Nações Unidas

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Attracta Mooney
Financial Times

O braço de mudanças climáticas da ONU enfrenta "desafios financeiros severos" que podem deixar a organização da cúpula global anual do clima, a COP, com dificuldade para ajudar os governos a enfrentar o aquecimento global, disse seu chefe.

Em fala durante encontro de mais de 30 países em Copenhague, na Dinamarca, em uma reunião ministerial de dois dias, o secretário-executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês), Simon Stiell, disse que apenas metade do seu orçamento está coberto.

A UNFCCC, que supervisiona a coordenação dos esforços globais em questões climáticas, disse que precisa de 74 milhões de euros (cerca de R$ 402 milhões) ao longo de 2024 e 2025 para seu chamado orçamento principal, que é financiado por contribuições de governos nacionais e foi acordado na COP28, cúpula realizada no ano passado em Dubai.

Simon ao microfone
Simon Stiell, secretário-executivo da UNFCCC, braço climático da ONU, em discurso na COP28, em Dubai - Amr Alfiky - 13.dez.2023/Reuters

Os gastos propostos incluem até 4,8 milhões de euros em comunicações, 4,5 milhões de euros para o funcionamento do quadro executivo que supervisiona o quadro, liderado por Stiell, e 3 milhões de euros em suas conferências.

O órgão também disse que precisa de mais 78 milhões de euros para seu chamado orçamento suplementar, que vem de contribuições voluntárias, mas até agora só tem cerca de 10 milhões de euros em caixa.

Esse financiamento adicional é para cobrir demandas como o trabalho nos planos climáticos dos países e relatórios sobre como as nações estão cumprindo a implementação do Acordo de Paris, de 2015, bem como atividades relacionadas ao acordo firmado na COP28.

O apelo da UNFCCC por financiamento surge à medida que aumentam as preocupações sobre como lidar com as mudanças climáticas, uma vez que o tema caiu nas prioridades orçamentárias dos governos ao redor do mundo, com as finanças exigidas pela pandemia de Covid e pela crise energética.

Ao mesmo tempo, muitos países já estão lidando com custosas consequências das mudanças climáticas, incluindo calor extremo, incêndios florestais e inundações.

Mais de cem líderes empresariais de empresas como Coca-Cola, Google e Ikea também destacaram os perigos em uma carta na quinta-feira (21) na qual pediram à Comissão Europeia que se comprometa a reduzir as emissões em 90% até 2040 em relação aos níveis de 1990. A Europa é o continente que mais está aquecendo.

"Não há dúvida, as mudanças climáticas estão multiplicando os riscos que enfrentamos", disse Ursula Woodburn, diretora do Corporate Leaders Group Europe, que organizou a carta.

Stiell disse que o braço de mudanças climáticas da ONU está "tentando cumprir um mandato cada vez maior" para lidar com as mudanças climáticas, mas corre o risco de não conseguir fazê-lo por falta de dinheiro.

Países que estão entre os principais poluidores, como os EUA, Catar e Coreia, bem como muitas nações em desenvolvimento, estão em atraso com as contribuições obrigatórias do período de 2010-2023, mostram as últimas contas da UNFCCC. Os fundos para ajudar países pobres a participar das negociações também estão em déficit.

No ano passado, o Fundo Verde para o Clima da ONU, o maior fundo do mundo dedicado a ajudar países em desenvolvimento que sofrem com as mudanças climáticas, não conseguiu atrair tanto financiamento quanto em rodadas de financiamento anteriores durante conferência na Alemanha.

Países desenvolvidos e em desenvolvimento também têm travado há muito tempo disputas sobre a meta de 100 bilhões de euros em financiamento que os países mais ricos deveriam fornecer anualmente até 2020 para ajudar os países pobres a reduzir as emissões e gerenciar as mudanças climáticas.

O financiamento foi um ponto-chave da reunião de Copenhague desta semana, o primeiro encontro de ministros desde o acordo para uma transição dos combustíveis fósseis acertado na COP28, em Dubai.

Mukhtar Babayev, presidente designado da COP29, que ocorrerá no Azerbaijão, disse na reunião que o financiamento "estará no centro da diplomacia climática" neste ano.

O presidente da COP28, Sultan al-Jaber, ecoou essa mensagem. "Tudo o que fazemos na preparação para a COP29 deve ser centrado em torno do financiamento, para tornar o financiamento disponível, acessível e alcançável", disse ele.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.