Guerrilheiros da principal dissidência das extintas Farc ameaçaram nesta terça-feira (16) a realização da COP16 sobre biodiversidade em Cali, cidade colombiana mais próxima dos territórios dominados pelos rebeldes.
"A COP16 vai fracassar mesmo que a cidade seja militarizada com gringos [americanos]", publicaram guerrilheiros do EMC (Estado Maior Central) —formado por combatentes que rejeitaram o acordo de paz de 2016, em mensagem na rede social X dirigida ao presidente do país, Gustavo Petro.
A segurança da cúpula mundial em Cali, prevista para acontecer de 21 de outubro a 2 de novembro, ficará a cargo do Estado colombiano e da polícia da ONU. Diante de ataques do EMC com explosivos em localidades próximas, a questão se tornou uma preocupação entre as autoridades.
A ministra colombiana do Meio Ambiente, Susana Muhamad, disse em maio que o governo avaliava a situação da ordem pública no departamento de Vale do Cauca, cuja capital é Cali, e no vizinho Cauca para a COP16.
Naquele momento, os rebeldes do EMC haviam realizado um atentado com moto-bomba em Jamundí, a 18 km da sede da reunião, em uma semana violenta, que deixou civis e policiais mortos em diferentes povoados. As forças militares responderam com uma operação que mobilizou 6.000 soldados em Cauca.
"Sua missão em Cauca vai fracassar sem que movamos um dedo, Cauca e a Colômbia estão aborrecidos com os planos cívico-militares disfarçados de ações de desenvolvimento", acrescentaram os membros do EMC em sua mensagem, compartilhada em um grupo de bate-papo de jornalistas.
Comandado pelo rebelde conhecido como Iván Mordisco, o EMC é financiado com o narcotráfico, a extorsão e o garimpo ilegal, principalmente na região do Pacífico e na amazônia. Mordisco tornou-se um dos principais problemas para Petro, que pediu a sua captura e o comparou ao famoso barão da cocaína Pablo Escobar, morto pelas autoridades em 1993.
Com os reforços, a terceira maior cidade da Colômbia vai contar com 12 mil soldados durante a COP16. O governo afirma que não pretende mudar o local da reunião, que vai receber pelo menos 12 mil visitantes, embora vereadores locais tenham alertado para o risco representado pelos ataques de dissidentes.
A declaração do EMC coincide com o anúncio do governo e das forças militares de uma intensificação das operações contra a guerrilha. Mordisco abandonou em abril a mesa de negociações com o governo, iniciada em outubro de 2023, e o EMC se dividiu em dois: metade dos combatentes ainda obedece às suas ordens, e a outra metade quer assinar a paz.
O ministro da Defesa, Iván Velásquez, e comandantes da força pública anunciaram nesta terça novas operações contra a facção dissidente, que tem cerca de 2.000 membros, segundo cálculos independentes.
"Vamos neutralizar todos os indivíduos que não aceitam o processo de paz", alertou o comandante das forças militares, almirante Francisco Cubides.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.