Descrição de chapéu Governo Lula pantanal

Lula aponta descuido com pantanal em visita ao bioma, que vive maior ameaça desde 2020

Presidente agradece apoio de brigadistas e destaca ação conjunta no combate a incêndios

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Viviane Amorim Artur Búrigo
Corumbá (MS) e Belo Horizonte

Em sua primeira viagem ao pantanal desde o início do atual período de seca, considerado pelo governo o mais severo em 70 anos, o presidente Lula (PT) sobrevoou as áreas atingidas por incêndios na região de Corumbá (MS) nesta quarta (31).

Com 4.553 focos de calor, o município é responsável por dois terços (67,3%) do total registrado no período neste ano no pantanal, segundo boletim divulgado nesta terça-feira (30) pelo Ministério do Meio Ambiente.

"Um país que tem um território como o pantanal e a gente não cuida disso. Esse país não merece o pantanal, que é um patrimônio da humanidade. Pela diversidade de coisas que tem aqui", disse o presidente após visita às instalações do corpo de brigadistas do Ibama PrevFogo e da Defesa Civil no estado.

Lula observa fumaça subindo de planície por meio de aeronave com porta aberta
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobrevoa a região de Corumbá (MS), que concentra incêndios no pantanal - Ricardo Stuckert/Divulgação - Presidência da República

"Fiquei emocionado hoje, em cima de helicóptero, vendo o fogo pegando e os brigadistas tentando apagá-lo. E vendo o trabalho unitário que está sendo feito entre todos os entes federados", afirmou Lula.

A visita do presidente foi acompanhada de uma comitiva ministerial, que incluiu a chefe da pasta do Meio Ambiente, Marina Silva. Ela também deu destaque à força-tarefa para o combate a incêndios, mas voltou a ressaltar que a maioria deles é causada pela ação humana.

"Eu faço um apelo: se não parar de colocar fogo, não tem quantidade de pessoas e equipamento que o vença", afirmou a ministra.

"Vivemos uma combinação terrível, com mudança do clima, desmatamento e incêndios", completou.

Dos 82 incêndios da temporada, o governo diz que 45 já foram extintos e 37 estão ativos, sendo que 20 desses estão controlados (quando o fogo está cercado por uma linha de controle).

No sistema Pantanal em Alerta, iniciativa dos bombeiros em conjunto com o Ministério Público de Mato Grosso do Sul, havia nesta quarta 873 focos de calor –que são monitorados para o controle precoce de incêndios.

Considerando os números de janeiro até o final de julho, os focos no bioma aumentaram 1.530% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Foram 4.696 de 1º de janeiro até esta terça-feira, enquanto, na mesma época de 2023, foram 288.

Os dados são do Programa de BDQueimadas, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

O valor acumulado neste ano é o maior da série histórica, iniciada em 1998. A quantidade de focos de calor já supera, inclusive, a de 2020, quando foram registrados 4.203 até a mesma data. Naquele ano, a destruição foi recorde: cerca de 30% do bioma foi consumido pelas chamas.

O governador Eduardo Riedel (PSDB) agradeceu à medida provisória editada pelo governo que liberou R$ 137 milhões para o combate ao fogo no Pantanal.

"Nós temos 12 milhões de hectares no pantanal sul-mato-grossense. Em 2020 foram queimados 3,5 milhões de hectares. Neste ano, estamos chegando perto de 1 milhão de hectares", disse o governador.

"Não fossem esses recursos e a intervenção dos brigadistas, no combate direto ao fogo, estaríamos caminhando para um desastre pior do que do ano de 2020", afirmou Riedel.

No local, o presidente Lula também sancionou a lei que institui a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo.

O texto é tido como fundamental por quem atua na área porque muda a lógica do combate ao fogo ao criar um arcabouço legal que, sem descartar os meios de combate a incêndio, passa a priorizar o trabalho preventivo e de cuidado com o fogo.

Entre outros instrumentos, seria possível usar criteriosamente, por exemplo, as chamadas queimas prescritas, para eliminar matéria orgânica acumulada e evitar que o fogo se alastre.

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