Descrição de chapéu Financial Times mudança climática COP29

Azerbaijão ignora redução de combustíveis fósseis na pauta da COP29

Lista de prioridades do país anfitrião foca em baterias e rede elétrica, em vez da eliminação do uso de petróleo, gás e carvão

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Kenza Bryan
Financial Times

O Azerbaijão, país anfitrião da COP29, a próxima cúpula climática da ONU (Organização das Nações Unidas), deixou a transição dos combustíveis fósseis fora de uma lista de prioridades para o encontro, em vez disso focando em armazenamento de energia, emissões de metano e guerra.

A "pauta de ação" de iniciativas e compromissos globais que o Azerbaijão planeja apresentar em Baku, em novembro, inclui um aumento seis vezes maior na capacidade de armazenamento de energia em baterias, expansões abrangentes nas redes elétricas e reduções nas emissões de metano provenientes de resíduos orgânicos. Também inclui um apelo por planos de ação para o turismo e a água.

Mas não abordou planos para o fim do uso de combustíveis fósseis nos sistemas de energia, como foi estabelecido no pacto histórico firmado no ano passado em Dubai, onde quase 200 países chegaram a um acordo então descrito como o "início do fim da era dos combustíveis fósseis". A queima de combustíveis fósseis é a maior fonte global de gases de efeito estufa, causadores das mudanças climáticas.

Um homem de cabelo grisalho e óculos está falando em um microfone. Ele usa um terno escuro e uma gravata. Ao fundo, há uma bandeira do Azerbaijão, que apresenta um fundo azul, vermelho e verde, com um crescente e uma estrela brancos.
Mukhtar Babayev, chefe da COP29 e ministro da Ecologia do Azerbaijão. Ele já ocupou o cargo de vice-presidente da empresa estatal de petróleo e gás do país, Socar - John Macdougall - 25.abr.2024/AFP

O chefe da COP29, Mukhtar Babayev, é o ministro da Ecologia do Azerbaijão e ex-vice-presidente da empresa estatal de petróleo e gás, Socar.

Na carta aos Estados e outras organizações que participarão da cúpula, divulgada na terça-feira (17), Babayev citou um alerta do poeta persa do século XII, Nizami Ganjavi, de que "a humanidade se destruirá" a menos que "harmonia e consentimento" reinem entre as pessoas e a natureza.

Ele também mencionou os desafios climáticos enfrentados pelos azeris, como o calor extremo e a escassez de água, onde o Mar Cáspio tem encolhido, bem como o "abundante" potencial eólico e solar do país.

Babayev propôs que os países adotem metas para reduzir as emissões de metano como subproduto de resíduos e sistemas alimentares. Os resíduos são apenas a terceira fonte mais comum de metano de origem humana, após os setores de energia e agrícola, de acordo com a ONU.

Ele evitou sugerir que o Azerbaijão deveria reavaliar o papel dominante em sua própria economia das exportações de petróleo e gás, o que, segundo o país, permite ajudar a atender à demanda energética da Europa.

A reunião em Baku será a segunda COP climática consecutiva a ocorrer em meio a uma guerra em Gaza e na Ucrânia.

Babayev disse que a cúpula poderia ser a oportunidade para uma "Trégua da COP", a partir de sete dias antes até sete dias depois da cúpula. A proposta é inspirada em esforços para suspender as hostilidades durante os Jogos Olímpicos e poderia aumentar a conscientização sobre a necessidade de encontrar soluções coletivas para proteger pessoas vulneráveis, acrescentou.

O secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, David Lammy, também conectou as mudanças climáticas aos riscos geopolíticos em um discurso feito no mesmo dia da publicação da carta. As temperaturas mais altas e o maior risco de desastres naturais são "mais fundamentais" do que os apresentados por terroristas, disse ele.

A COP29 ocorrerá apenas alguns dias após as eleições nos Estados Unidos, que pode resultar no ex-presidente Trump pressionando para que a maior economia do mundo e o segundo maior poluidor anual se retire novamente do Acordo de Paris e pare as ações climáticas.

Um dos problemas mais difíceis que diplomatas e negociadores abordarão é como mobilizar financiamento dos países mais ricos para que os mais pobres, na linha de frente das mudanças climáticas, possam se adaptar a elas.

O Azerbaijão deve anunciar suas próprias contribuições para um novo Fundo de Ação Climática com uma meta de US$ 1 bilhão, capitalizado por países e empresas produtoras de combustíveis fósseis, que farão pagamentos voluntários vinculados ao volume de petróleo, gás e carvão que produzem.

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