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Não existe evidência científica para fim do mundo em 3 anos, ao contrário do que afirma vídeo viral

Vídeo viral mostra influenciadora Rita von Hunty debatendo a crise climática numa participação em podcast

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São Paulo

Trecho de uma entrevista dada pela influenciadora digital e drag queen Rita von Hunty, nome artístico do artista e educador Guilherme Terreri, viralizou, fora de contexto, nas redes sociais nos últimos dias.

No corte compartilhado, ela narra que uma amiga cientista que trabalhava com relatórios climáticos afirmou que o mundo "tem mais três anos". Essa afirmação, porém, não tem respaldo em dados científicos e é corrigida pela própria entrevistada na mesma conversa.

Antes do trecho usado no post que viralizou, de 55 segundos, Rita fala que o sistema em que estamos vivendo desde a queda da União Soviética, em 1991, está começando a apontar sua ruína e vai entrar em colapso. Critica a esquerda por querer explorar petróleo na bacia Foz do Amazonas.

"Não dá, acabou", diz a entrevistada. E é nesse momento que ela fala sobre o mundo ter mais três anos, segundo disse sua amiga cientista, cujo nome não é citado.

Captura de tela do videocast 'Acessíveis Cast' em que Marimoon e Titi Müller conversam com Rita von Hunty (à esq.) - Reprodução/Acessíveis Cast/YouTube

Esse trecho usado no post enganoso é de uma entrevista que Rita deu em setembro do ano passado para o videocast "Acessíveis Cast", de Titi Müller e MariMoon.

Mais adiante, na mesma conversa, as apresentadoras pedem que ela explique melhor o prazo para o fim da Terra. A influenciadora então esclarece que não falava de um fim de verdade, mas, sim, do surgimento de muitos refugiados climáticos nos próximos anos, entre outros problemas.

À Folha, Rita afirmou: "Não há 'fim do mundo' em três anos, a frase seguinte ao corte é a explicação da hipérbole".

No mesmo minuto em que o trecho da entrevista de Rita usado no post enganoso termina (quando a gravação está em uma hora e 11 minutos), ela diz que a temperatura dos oceanos vai subir e, não se lembra se é em 2025 ou 2050, que haverá mais plásticos do que peixes nos oceanos –um estudo, de 2016, prevê que isso ocorra em 2050.

"Se a vida marinha morre, a vida terrestre não sobrevive", diz.

Mais para frente, em uma hora e 19 minutos de entrevista, a atriz Titi Müller diz não conseguir lidar com a ideia de que seu filho, então com três anos, viveria apenas até os seis. Neste momento, Rita reforça que não está falando do fim do mundo em 2026.

Na sua participação no programa, Rita não cita nenhum estudo específico, mas, de qualquer maneira, não há previsão científica de que a vida na Terra vá acabar nesse prazo ou em qualquer outro.

Segundo os cientistas, a humanidade pode enfrentar condições climáticas extremas, que afetam a saúde e a capacidade de produção de alimentos, se não frearmos as emissões dos gases causadores do aquecimento global.

Nesse sentido, as preocupações demonstradas pela influenciadora quanto às futuras condições de vida no planeta batem com conclusões de relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), da ONU, divulgado em 2022.

Riacho formado por água que derreteu da geleira Tsanfleuron, na Suíça, por conta do aquecimento global, em 2022; fenômeno expôs rochas que estavam cobertas de gelo desde, pelo menos, a era romana - Fabrice Coffrini - 6.ago.2022/AFP

Segundo o documento, como a Folha informou à época, "para limitar o aquecimento em até 1,5°C —limite que previne o aumento catastrófico de eventos climáticos extremos—, o mundo deveria atingir o pico de emissões antes de 2025".

Também estão de acordo com declarações recentes de líderes como António Guterres, secretário-geral da ONU.

"2023 foi apenas uma prévia do futuro catastrófico que nos aguarda se não agirmos agora. Devemos responder aos recordes de aumento de temperatura com ações inovadoras", afirmou ele, ressaltando que "ainda podemos evitar o pior da catástrofe climática".

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