Siga a folha

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

Descrição de chapéu Livros

O último dos comunas

Morto em 2008, Fausto Wolff assumiu que era vermelho por fora e por dentro

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Na cabeça de alguns, existe no Brasil uma legião de comunistas. Os quais escaparam à ruína do regime da foice e do martelo na Alemanha Oriental, em 1989, e na União Soviética, em 1991, e por aqui encontraram um ambiente exótico, propício não só à sobrevivência como também à proliferação. Seguindo sua natureza pérfida, agem disfarçados de melancias.

Eu só conheci de perto um comunista confesso: o gaúcho Faustin von Wolffenbüttel, que atuava na imprensa com o codinome de Fausto Wolff. Pelo seu tamanho —1,92 m de altura e outro tanto de envergadura e barriga— qualquer disfarce era-lhe complicado. Resolveu então assumir sua condição de vermelho por dentro e por fora.

Na época da ditadura, viveu em Roma e em Copenhague, não se valendo do ouro de Moscou, mas trabalhando em universidades e no cinema. Com passaporte falso, esteve no Brasil em 1971. Sua intenção não era promover a luta armada, queria apenas rever os amigos e beber um chope no Veloso. Só voltou de vez em 1978, para escrever no Pasquim. 

Capa do livro 'À Mão Esquerda', de Fausto Wolff - Reprodução

Como ficcionista, publicou “À Mão Esquerda”, cuja ação abrange os 300 anos de vida do autor. Foi elogiado por quem entende do riscado: Carlos Heitor Cony, Janio de Freitas, Jaguar, Millôr Fernandes. Só levou um pau, mas que pau! Na revista Veja, Ivan Lessa demoliu o romance. 

De estilo panfletário, Fausto Wolff lançou em 1982 —quando o presidente era o general Figueiredo— uma reunião de artigos com título provocador: “O Dia em que Comeram o Ministro”. Bastava ler a apresentação para adivinhar o conteúdo: “Bons pais de família, excelentes maridos, hábeis homens de negócio, os canalhas brasileiros têm a capacidade incomum de odiar o povo que os sustenta”. O livro não foi censurado e vendeu pouco. 

O último dos comunas assumidos morreu no já distante 2008. E mesmo assim, desconfio, o comunismo do Fausto não era lá muito católico. 

Capa do livro 'O Dia em que Comeram o Ministro', de Fausto Wolff - Reprodução

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas