Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".
Mapa da memória
Livro recupera 50 lugares do Rio que desapareceram
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Acaba de sair um livro mágico. “Vestígios da Paisagem Carioca”, de Isabela Mota e Patrícia Pamplona, não apenas recupera em detalhes 50 lugares desaparecidos da cidade. Faz mais e melhor: ao entrar num túnel do tempo, o leitor “sente” que esses espaços urbanos estão de volta. Quase como se fosse possível tirar uma selfie com eles ao fundo.
Um Rio que existiu entre o início do século 19 e meados do século 20, e ainda grita na memória. São favelas, palácios, fábricas, teatros, livrarias, cinemas, restaurantes, prédios, quiosques, matadouros, mercados, pontos de bonde, vilas, igrejas, terreiros, praias, zoológicos e até uma praça de touros. Esta —acredite— ficava na rua das Laranjeiras e seguia a tradição da tauromaquia portuguesa: o animal não morria ao fim do patético espetáculo.
Os verbetes do livro articulam entre si lugares que ecoam na cabeça dos moradores (Galeria Cruzeiro, Tabuleiro da Baiana, Praça Onze, Pavilhão Mourisco, Cassino Atlântico, Bar Vinte, Cinema Olinda), mas que mesmos os cariocas mais empedernidos têm dificuldade de apontar num mapa antigo.
O tatuador Florêncio de Palma, com o corpo coberto de âncoras, datas, nomes de mulheres e no peito a imagem de Jesus Cristo, tinha seu estabelecimento na ladeira do Castelo, uma das três principais vias de acesso ao morro de mesmo nome. Mas quem sabe que ali, hoje, ergue-se o monstruoso edifício-garagem Menezes Cortes? Como imaginar um passado em que senhoritas mui vestidas banhavam-se na praia de Santa Luzia, agora a barulhenta avenida Presidente Antônio Carlos?
Ao fim da leitura, fica a certeza amarga de que a beleza e a identidade são continuadamente destruídas nestas plagas. Alguém duvida que sem o transporte regular de barcas, ameaça que pesa atualmente sobre Paquetá, a ilha corre o risco de virar um recanto de fantasmas? A vizinha Brocoió já é.
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