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Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

Descrição de chapéu América Latina

Lula não pode livrar a cara de Ortega

Ditadura nicaraguense deve explicações sobre morte de brasileira

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Em 2018, uma onda de terror varreu a Nicarágua para reprimir os protestos que pediam a destituição do presidente Daniel Ortega, o ex-guerrilheiro sandinista que, a despeito de ter lutado nos anos 1970 para derrubar a ditadura da família Somoza, ergueu ao longo da última década um regime autoritário e assassino que o sustenta no poder ao lado da mulher, Rosario Murillo, a vice-presidente.

A revolta de cinco anos atrás deixou mais de 300 mortos, entre os quais a brasileira Raynéia Lima. Na noite de 23 de julho, quando voltava para casa de carro e passava em frente ao condomínio onde mora Francisco López, tesoureiro da Frente Sandinista, partido de Ortega, ela levou um tiro que atingiu o coração, o diafragma e parte do fígado.

Pernambucana, Raynéia se mudou para Manágua em 2012, levando o sonho de ser médica. Quando foi assassinada, aos 31 anos, estava na fase final dos estudos, preparando-se para voltar ao Brasil e revalidar o diploma. Segundo colegas de faculdade, ela não tinha envolvimento em atividades políticas. Era mais conhecida por vender brigadeiros, um bico para se sustentar financeiramente. O caso lembra o do pianista carioca Francisco Tenório Jr.. Confundido com um guerrilheiro de esquerda na Argentina em 1976, ele foi preso, torturado e morto.

Nas ditaduras não há lugar para inocentes. E até os cúmplices são falsos. Tudo indica que o assassino confesso da brasileira, o miliciano Pierson Sólis, esteja sendo usado como bode expiatório: o verdadeiro culpado seria um membro das Forças Armadas. Sólis está em liberdade e recebe salário do Estado nicaraguense.

A mãe de Raynéia, a enfermeira Maria José da Costa, afirma não ter recebido ajuda de Temer nem de Bolsonaro para esclarecer as circunstâncias da morte da filha. A bola agora está com Lula, que é ou já foi próximo a Ortega. Democratas não livram a cara de ditadores. Sejam de esquerda, sejam de direita.

O presidente Daniel Ortega (ao centro) com sua mulher e vice-presidente, Rosario Murillo, e o primeiro comissário, Francisco Diaz Madriz, em Manágua - Jairo Cajina - 28.set.22/Presidência da Nicarágua/AFP

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