Siga a folha

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

Descrição de chapéu Prêmio Nobel

Superstição marca o livro inédito de García Márquez

Presente no título, mês de agosto perseguiu a vida do escritor

Assinantes podem enviar 7 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Escritor que fez a transição entre a ficção moderna e a pós-modernista e que ao mesmo tempo produziu para as massas; tão célebre como atletas, músicos e estrelas de cinema; romancista mais influente que emergiu da América Latina profunda; autor de "Cem Anos de Solidão", o primeiro livro globalizado, que rapidamente penetrou em todos os países e em todas as culturas do mundo, Gabriel García Márquez era mais supersticioso do que torcedor do Botafogo.

Cultor do 13, como Zagallo, não usava nenhuma peça de ouro, tinha sempre rosas amarelas espalhadas pela casa, especialmente em sua mesa de trabalho, fugia dos caracóis atrás das portas, dos aquários de peixe, das flores de plástico e das mantilhas de seda bordadas. Em 1982, ao receber o Prêmio Nobel, vestiu um liquiliqui branco, traje do Caribe, porque o fraque protocolar representa a "mala suerte".

Gabriel Garcia Márquez ao receber o Nobel de Literatura, em 1982 - Harry Ransom Center

As superstições e manias que fogem ao pensamento racionalista estão, como em tudo o que envolve García Márquez, presentes no inédito "Em Agosto nos Vemos", recém-publicado no Brasil e em outros 70 países. Nenhum mês teve tanta importância na vida do escritor como o oitavo do calendário gregoriano.

Em agosto de 1947, sua cabeça estalou com a leitura de "A Metamorfose", de Kafka. Quando foi com sua mãe vender a casa de Aracataca —viagem que confirmou sua vocação de romancista—, levou um talismã: "Luz em Agosto", de Faulkner. Em agosto de 1966, enviou pelo correio o datiloscrito de "Cem Anos de Solidão" ao editor argentino Francisco Porrúa. Em agosto de 1967, conheceu Mario Vargas Llosa, que depois lhe acertou um soco no olho esquerdo, um dos poucos desgostos de seus agostos.

Para milhões de leitores, não importa que García Márquez tenha pensado em destruir a novela editada postumamente. Afinal, em perfeitas condições de saúde ou não, ele a escreveu e deu um jeito de pôr agosto no título.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas