Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

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Alvaro Costa e Silva

Norman Mailer, o verdadeiro influencer

Os 100 anos de um escritor que tinha e sabia o que dizer

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"Estamos ficando mais irracionais, mais cheios de ódio ou mais confinados dentro de alguma ortodoxia (com frequência, inimiga figadal de alguma ortodoxia vizinha)."

São palavras certeiras e que soam atuais de Norman Mailer, cujo centenário de nascimento será comemorado nesta terça (31). Elas aparecem num livro publicado em 2006, "O Grande Vazio", no qual o escritor arma um diálogo com seu filho John Buffalo (50 anos mais novo) e, bem a seu estilo, dispara sobre tudo e todos: política, sexo, Deus, moral, mito, boxe, pôquer e, claro, a má consciência americana. Depois de dar uma no cravo, Mailer dá na ferradura: "Hoje homens e mulheres têm mais sanidade mental, mais compaixão, estão mais liberados e mais sensíveis às nuances morais".

O escritor norte-americano Norman Mailer, autor de 'Os Nus e os Mortos' e 'Um Sonho Americano' - Reprodução

Morto em 2007, Mailer escreveu mais de 30 livros (dizem que para pagar a pensão das cinco ex-mulheres). "Os Nus e os Mortos", o primeiro romance, saiu em 1948 e de cara foi considerado um clássico. Ao longo da carreira de ficcionista, ensaísta, político, dramaturgo, cineasta, ator e filósofo da contemporaneidade, jamais deixou de ser divertido, cáustico, polêmico (palavra que na época não estava tão gasta), além de chutar inúmeras bolas fora. Seu principal assunto sempre foi ele mesmo.

Detestava que o ligassem ao novo jornalismo e que seu nome aparecesse numa lista de representantes do gênero ao lado do de Tom Wolfe. Este, com Truman Capote e Gore Vidal, formava o trio dos desafetos queridos. Aliás, nem se considerava jornalista, "um modo promíscuo de ganhar a vida". Classificava os perfis que publicou de Marilyn Monroe e Pablo Picasso como "romances biográficos".

Esticando o conceito, o livro "A Luta" —relato nada convencional do embate entre Muhammad Ali e George Foreman, em 1974, no Zaire, em que o próprio escritor é personagem— poderia ser um "romance esportivo". De qualquer maneira, é a obra-prima de Mailer.

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