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Jornalista especializada em comunicação pública e vice-presidente de gestão e parcerias da Associação Brasileira de Comunicação Pública (ABCPública)

Pergunto outra vez: vidas negras importam?

Há uma ambiência pró-violência promovida a partir do Estado

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Há um recrudescimento da violência racial no Brasil. Nos últimos anos, o país cultivou, ampliou e amadureceu um ambiente favorável ao ódio e ao racismo a ponto de criar condições propícias para que um homem negro seja abatido a pauladas num quiosque à beira-mar e outro seja alvejado com três tiros ao mexer na mochila para pegar as próprias chaves.

Somado à relativização da dor, do preconceito e do racismo estrutural, o elevado grau de violência faz com que corpos negros, há séculos violados em território nacional, sejam alvos da sociopatia dos incapazes de enxergar num preto um ser humano pleno em direitos, digno de confiança e de credibilidade, merecedor de respeito e de oportunidade, tão capaz quanto qualquer pessoa.

A violência racial faz parte do dia a dia dos negros que vivem no Brasil, sejam imigrantes, sejam brasileiros natos. Eventualmente emergem situações de maior impacto, como os brutais e covardes assassinatos de Moïse Kabagambe, espancado até a morte, e Durval Teófilo Filho, alvejado pelo vizinho às portas de casa.
No último sábado, atos em protestos contra o assassinato de Moïse ocorreram Brasil afora e no exterior. Como diz Douglas Belchior, professor de história e fundador da Uneafro Brasil, "a mobilização é fundamental como contraponto de defesa da vida em oposição à lógica da morte". É uma maneira de demonstrar que há um segmento do país que não naturaliza a violência, mesmo diante de um quadro que parece imutável considerando a incidência de episódios de barbárie.

É trágico de dizer, mas é praticamente certo que novos casos brutais e covardes ocorrerão, senão hoje nos próximos dias, nas próximas semanas. Mortes de pessoas negras, tanto pelas forças oficiais quanto por milícias ou por civis, tornaram-se comuns por estas terras. Há uma ambiência pró-violência promovida a partir do Estado.

Refaço hoje uma pergunta que fiz outrora: vidas negras importam?

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