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Economista, ex-ministro da Fazenda (1967-1974). É autor de “O Problema do Café no Brasil”.

Esperanças para 2021

Brasil deve ventos externos mais propícios para resolver seus problemas internos

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Depois de um ano trágico, diante de uma das maiores pandemias dos últimos cem anos, que tirou a vida de mais de 1,5 milhão de pessoas e deixou graves sequelas na economia mundial, os ventos para o próximo ano trazem maior prosperidade.

Pela primeira vez na história do homem, a ciência foi capaz de inventar, testar e produzir, em tempo recorde, uma vacina (mais de uma) para combater um vírus até então desconhecido. A notícia sobre o início do programa de vacinação em alguns países desenvolvidos já nesta semana e, ao que tudo indica, de boa parte de sua população até o primeiro semestre de 2021, traz otimismo para o desempenho da economia global no ano que vem.

Nos Estados Unidos, o início de um governo que diz que o país "está de volta, pronto para liderar", reforça essa percepção. O presidente eleito, Joe Biden, promete afastar-se do isolacionismo trumpista e refazer as pontes com os aliados históricos dos EUA e com as instituições multilaterais, como a OMC. Parece ter entendido o que Trump jamais conseguiu entender: que, apesar dos defeitos e dos erros cometidos nas últimas décadas por esses organismos, eles só poderão ser superados por uma aliança global crível, que faça com que todos cumpram as regras comuns do jogo ou arquem com as consequências.

A volta ao multilateralismo, entretanto, não significa uma política comercial necessariamente menos protecionista. Basta ver que o presidente eleito afirmou que, por enquanto, manterá as tarifas sobre a China e irá lutar para que a indústria americana invista na "América primeiro". Isso sugere que haja um respaldo bipartidário da população americana a essa agenda, reflexo dos efeitos da globalização, que, embora favoreça o crescimento e a produtividade, sem as políticas adequadas pode deixar sequelas sobre o emprego e a distribuição de renda.

De todo o modo, a prioridade de Biden à manutenção dos estímulos fiscais e a escolha de pessoas experientes, em Washington e na academia, para os postos-chave da administração, como a competentíssima Janet Yellen para o Tesouro, garantem uma política estimulativa mais duradoura, ao mesmo tempo em que os freios e contrapesos de um provável Senado republicano bloqueiam as políticas mais "criativas" da ala mais radical do Partido Democrata.

Quanto ao Brasil, que não pode —nem deve— se desentender com seus principais parceiros comerciais, deveria aproveitar os ventos externos mais propícios para resolver seus problemas internos, abandonar sua ridícula e infrutífera vassalagem aos EUA e colocar os interesses nacionais como prioridade.

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