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Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Damares repete método conhecido para ajudar campanha de Bolsonaro

Ex-ministra fez carreira com a exploração do pânico moral em cultos religiosos

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Em 2013, quando trabalhava como assessora na Câmara dos Deputados, a advogada Damares Alves foi a uma igreja evangélica e alertou os fiéis para o que seria um esquema de violência sexual contra animais. "Há muito hotel fazenda aqui no Brasil que é de fachada. É hotel para turista ir transar com animais", afirmou.

Anos depois, o jornal O Globo perguntou à então ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos se ela tinha provas do relato. A pasta respondeu apenas que Damares recebia denúncias, "muitas delas anônimas", e citou a existência de um requerimento numa CPI que investigava maus-tratos a animais. O tal documento, no entanto, não falava da situação descrita por ela.

Damares fez carreira explorando uma mistura de casos reais com mentiras absurdas. Ela circulava por templos evangélicos espalhando boatos para despertar a indignação de fiéis que temiam a corrupção moral da sociedade brasileira. A ativista foi premiada com um cargo no primeiro escalão do governo Jair Bolsonaro.

O mesmo método foi usado para atender aos interesses políticos do chefe. Na reunião ministerial de 22 de abril de 2020, a pretexto de atacar as restrições autorizadas pelo STF na pandemia, Damares lançou uma dúvida sobre o tribunal: "Será que vão querer liberar que todos que tiveram coronavírus poderão abortar?". É claro que aquilo não ocorreu.

Agora, a ex-ministra tenta instrumentalizar o pânico moral para ajudar a campanha de Bolsonaro. Em um culto no sábado (8), ela disse ter detalhes de uma rede de pedofilia e insinuou que a reeleição é a única maneira de evitar esses crimes.

Damares voltou a abrir a caixa de ferramentas dos conspiracionistas: parte de um problema verdadeiro (a exploração sexual de crianças), cita casos de forma vaga, sugere ter acesso privilegiado a alguma denúncia e tenta relacionar decisões políticas à interrupção dos abusos. Depois, confrontada por informações divergentes, alega que os relatos são cobertos por sigilo. A essa altura, a história já ganhou vida própria.

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