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Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Oposição procura gatilho ultraconservador para despertar eleitorado

Direita bolsonarista tenta inflar de maneira artificial itens adormecidos da chamada guerra cultural

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Há pouco mais de uma semana, deputados bolsonaristas aproveitaram uma sexta-feira morna e lançaram uma isca falsa para seus seguidores. Em tom indignado, espalharam o alerta de que Lula havia instituído o "banheiro unissex" no Brasil.

A gritaria não fazia sentido. O alvo era uma resolução contra a discriminação em instituições de ensino, recomendando a "instalação de banheiros de uso individual, independente de gênero, para além dos já existentes masculinos e femininos". Além de não citar espaços compartilhados, o texto havia sido editado por um conselho que não tem nenhum poder de decisão.

Aquela não foi uma distorção inocente. A direita bolsonarista abusa de gatilhos ultraconservadores para replicar o pânico moral das últimas eleições e inflar de maneira artificial o peso de itens adormecidos da chamada guerra cultural.

Uma tática semelhante foi usada no Senado nos últimos dias. O líder da oposição, Rogério Marinho, propôs um plebiscito sobre a descriminalização do aborto e convocou um protesto nas ruas "a favor da vida".

A movimentação foi vendida como uma reação ao STF, mas o objetivo da tropa é mobilizar eleitores que parecem dispersos na oposição ao governo Lula. Sem acesso aos cofres públicos e sem o megafone da Presidência, o bolsonarismo perdeu fôlego para exercer influência econômica e controlar a pauta política.

A agenda de costumes é um atalho porque desvia o eleitor de uma avaliação objetiva sobre seu bem-estar. Na ausência de uma crise ou de uma deterioração do padrão de vida, a oposição tenta despertar medos abstratos ou provocar confusões turbinadas por informações falsas.

Essa é uma questão sensível para Lula. Na campanha, ele tentou frear a adesão em massa de evangélicos a Jair Bolsonaro desqualificando boatos como aquele do "banheiro unissex". Além disso, os últimos meses mostraram que a hesitação do presidente em relação a uma rota progressista é um fator capaz de abalar a coesão de sua base à esquerda.

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