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Doutora em filosofia, pós-doutoranda em direito internacional e autora do livro 'Um Olhar Liberal Conservador sobre os Dias Atuais'

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Guerra ideológica não vence vírus

Cobremos dos políticos, mas cobremos também de nós mesmos para que nossas atitudes não potencializem o caos

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O Brasil tem enfrentado um problema cultural, cujo reflexo político é mais evidente que sua origem. Carente de uma visão de mundo coerente pela qual analisar a realidade, envolta nos problemas do dia a dia e indisposta em relação àqueles que tentam oferecer qualquer reflexão ou análise que mostre os contornos nuançados do real, a maioria se contenta com discursos fáceis, eivados de chavões, rótulos e visões reducionistas de fatos e pessoas, apropriando-se rapidamente da retórica belicosa que entra em ressonância com as forças obscuras que nos colocam em confronto como se o outro fosse um inimigo, não o próximo. É assim que narrativas à esquerda e à direita vão transformando o mundo social e digital em uma poça de lama de ideias preconceituosas e violentas.

O reordenamento do psiquismo social depende da busca de visões de mundo que ultrapassem o imediatismo das arengas das redes sociais. O estar consciente de si pressupõe a capacidade de dar conta dos fundamentos da visão política que se apregoa e de combater e refutar ideias sem destruir reputações ou alvejar pessoas.

O cultivo intelectual deve atingir a esfera moral, tornando-nos mais dóceis ao outro, cuja visão de mundo, embora divergente, se bem exposta, pode nos ajudar a reconhecer os limites de nossas próprias concepções. Não há verdades a serem impostas de modo dogmático em torno das questões sociais e políticas, pois o escopo político e social é o horizonte do debate por excelência. O projeto de cada um, em se tornando compatível com o projeto do próximo, engrandece a sociedade, e é nisso que consiste o pluralismo saudável que defendemos.

Vivemos momento grave, que toca a cada um como ser humano; como irmãos que somos. A guerra ideológica não logrará êxito contra a pandemia, mas a reunião de corações solidários sim. Cobremos dos políticos; mas cobremos também de nós mesmos para que nossas atitudes não potencializem o caos no qual a inépcia deles nos deixou.

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