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Diretora do Centro de Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial.

A pandemia e o professor

Muitos revelam exaustão frente ao acúmulo de tarefas para as quais não estavam preparados

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Depois de mais de um ano e meio de pandemia no Brasil e de um retorno gradual às aulas presenciais, os desafios e o papel do professor precisam ser iluminados. Afinal, foram centenas de milhares de docentes que, com o fechamento das escolas, deram aulas em plataformas, televisões e rádios e prepararam e corrigiram cadernos autoinstrucionais.

Da mesma maneira, com o retorno das aulas presenciais em sistema de rodízio, docentes precisam se assegurar de que os alunos que ficam em casa, enquanto outros estão na escola, recebam atividades escolares e aprendam, num contexto de profundas perdas de aprendizagem. Mais do que isso, embora já houvesse desigualdades educacionais importantes em 2019, o desnível entre os alunos se acentuou, com alguns tendo tido a chance de aproveitar melhor o ensino remoto que outros.

Festa junina semipresencial em escola municipal de São Paulo - Rivaldo Gomes/Folhapress

Nesse contexto, muitos docentes revelaram exaustão frente ao acúmulo de tarefas para as quais não estavam preparados. No entanto, de acordo com pesquisa recente do Instituto Península, embora no início a sensação de impotência tenha sido grande, muitos profissionais da educação revelaram ter sentido, com o passar dos meses, maior domínio sobre as novas formas de ensino que tiveram que ser adotadas.
Além disso, os pais foram expostos, de uma maneira ou de outra, aos desafios que os mestres vivem a cada dia, puderam olhar sua prática de outra maneira e valorizá-los profissionalmente. Afinal, ser professor não é para amadores!

Ao pensar nos legados da pandemia, afora todo o sofrimento causado pela Covid e por sua má gestão no país, fica claro que há uma oportunidade de incorporar, mediante boas políticas públicas, algumas lições aprendidas. Uma delas, talvez a mais importante em educação, é que o professor é um profissional, e sua formação inicial e continuada deve olhar para o processo de ensino, sua prática, como uma dimensão extremamente importante para que ele se sinta preparado nas mais diferentes situações.

Em certo sentido, foi o que Michael Fullan, pesquisador de educação canadense, trouxe numa apresentação feita nesta semana, por ocasião do lançamento do livro "Desafios da Profissão Docente", de Fernando Abrúcio e Catarina Segatto. Segundo ele, para construir uma educação para o futuro, que assegure aprendizado profundo, é necessário estabelecer, entre outras medidas, maior valorização dos professores, critérios rigorosos para acesso a cursos de formação inicial, programas que os preparem de fato para sua prática e um trabalho colaborativo dentro de cada escola.

Sem isso, segundo o educador de Ontário, vamos retornar à ainda insuficiente e desigual educação de 2019.

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