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Paraense, jornalista e escritora. É autora de "Tragédia em Mariana - A História do Maior Desastre Ambiental do Brasil". Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense.

Descrição de chapéu machismo

Robinho e a cultura do estupro

Felizmente, como ele próprio descobriu, existe o movimento feminista

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"O que fazer com um camarada que estuprou uma moça e matou? Tá bom, tá com vontade sexual, estupra, mas não mata". O ano é 1989, e o autor da frase torpe é Paulo Maluf, então candidato do PDS à Presidência. Tal barbaridade nem de longe atrapalhou sua longeva carreira política, encerrada por outros motivos. Isso é cultura do estupro.

Em 2003, o então deputado Jair Bolsonaro disse à sua colega na Câmara, Maria do Rosário: "Jamais iria estuprar você porque você não merece". Em 2014, repetiu a agressão no plenário. Dezesseis anos após o primeiro ataque, já presidente, foi condenado a pedir desculpas e a indenizar a deputada. Em nota fajuta, claramente a contragosto, pediu desculpas, mas tentou justificar as agressões devido ao "calor do momento" e ao "embate ideológico". Isso é cultura do estupro.

Não à toa, o jogador Robson de Souza, o Robinho, vê no presidente alguém a quem se comparar, ambos, coitados, perseguidos pela mídia. Robinho foi condenado em primeira instância pela Justiça italiana a nove anos de prisão por violência sexual em grupo contra uma mulher de 23 anos, em 2013. Segundo a sentença, os acusados sabiam que a vítima estava em condição psíquica debilitada durante os atos sexuais.

É exatamente o que o próprio Robinho admite, em deboche explícito, numa das conversas grampeadas durante a investigação: "Estou rindo porque não estou nem aí, a mulher estava completamente bêbada, não sabe nem o que aconteceu". Isso é cultura do estupro e configura crime, segundo a lei italiana.

O que ainda espanta nisso tudo é que o Santos não viu nenhum problema em contratar o jogador. Só desistiu após a reação de mulheres e a pressão dos patrocinadores, preocupados com prejuízos às suas marcas. A cultura do estupro se insere num quadro muito mais amplo de violência contra as mulheres e também vai muito além do futebol. Felizmente, como descobriu contrariado o próprio Robinho, existe o "movimento feminista".

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