Siga a folha

Paraense, jornalista e escritora. É autora de "Tragédia em Mariana - A História do Maior Desastre Ambiental do Brasil". Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense.

Descrição de chapéu yanomami

Holocausto amazônico

Investimento e crime compensam porque se beneficiam de legislação leniente

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

No começo dos anos 1990, a corrida do ouro em Roraima resultou num crime de lesa-humanidade que ficou conhecido como o Massacre de Haximu. Garimpeiros assassinaram 16 yanomamis, entre eles mulheres, crianças e idosos, varados de balas e mutilados a golpes de faca. Um bebê foi atravessado por um facão.

Na época, o Ministério Público Federal conseguiu condenar alguns dos garimpeiros pelo crime de genocídio. Mas o garimpo nunca deixou os yanomamis em paz. E encontrou no governo passado mais do que um aliado. Sob Bolsonaro, o aparelho de Estado, por ação e omissão, foi agente promotor de uma política de extermínio, como mostram as chocantes fotografias de seres humanos descarnados neste holocausto amazônico, além da estimativa de quase 600 crianças mortas por fome e doenças.

Acampamento de garimpeiros que operam ilegalmente, no rio Uraricoera, no interior da Terra indígena Yanomami, em Roraima, em 2014 - Leão Serva - 29.jan.14/Folhapress

O garimpo tornou-se empreendimento de grande escala, que requer muito dinheiro e organização empresarial. O investimento e o crime compensam porque se beneficiam de legislação inacreditavelmente leniente, que permite ao garimpeiro declarar de "boa-fé", às distribuidoras de títulos e valores mobiliários, que o ouro procede de área com autorização de lavra. A fraude "esquenta" o metal, que vai parar na vitrine de uma joalheria em Paris ou vira adereço de churrasco no Qatar.

O Instituto Escolhas realizou um estudo sobre a extração e comercialização do ouro no Brasil e concluiu que quase metade da produção tem indícios de ilegalidade. O sistema autodeclaratório é um convite à fraude e tem que acabar. Há dois projetos de lei no Congresso e uma ação no STF nesse sentido.

Mas o garimpo, que produz fome e morte, pode ter fim mais rapidamente, como explica o diretor do Escolhas, Sérgio Leitão. "O presidente Lula pode assinar uma medida provisória para retirar a cláusula de boa-fé, uma proteção absurda que desestimula a fiscalização, abre caminho para o ouro ilegal, incentiva o desmatamento e a violação de direitos humanos", propõe.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas