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América Latina

O plebiscito no Chile

Repórteres gringos não reconhecem que Carta existente já funcionava para alcançar igualdade concreta

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Deirdre Nansen McCloskey
Partidários do 'não' à proposta de nova Constituição do Chile celebram na rua, em Santiago, sua vitória no plebiscito - Martin Bernetti - 4.set.22/AFP

Veja como o Washington Post noticiou o plebiscito de 4 de setembro sobre a Constituição proposta para o Chile. "Os chilenos rejeitaram terminantemente, no domingo, uma nova Constituição esquerdista que visava transformar o país numa sociedade mais igualitária. A carta proposta substituiria a Constituição de 1980 (era da ditadura), vista como uma das mais favoráveis ao mercado em todo o mundo, por uma das mais inclusivas do mundo." O plebiscito assinalou "o fim de um experimento democrático ambicioso", dificultando muito a realização da "agenda ousada" do presidente Gabriel Boric.

Inocente? Objetivo? Sábio? Não. As palavras têm importância. Observe os termos positivos, na opinião do jornalista: "visava", "transformar", "igualitária", "inclusiva", "democrático", "ousado", "experimento". E os negativos: "era da ditadura", "amigável ao mercado", "fim".

É assim que comumente são noticiados esquemas estatistas para aprimorar nossa vida —no caso do Chile, por meio de 388 artigos constitucionais. Os jornalistas pensam como advogados. Aprove um artigo constitucional que "visa", "pretende" ou foi "designado" para alcançar o igualitarismo inclusivo, ou a prosperidade, ou a paz, e então volte para casa satisfeito. Dever constitucional cumprido. Reportagem publicada.

O presidente do Chile, Gabriel Boric, que anunciou uma ampla reforma ministerial dois dias após ver derrotada em plebiscito, por ampla margem, a proposta de nova Constituição - Martin Bernetti - 6.set.22/AFP

Mesmo os melhores jornalistas e advogados não pensam como os melhores economistas, que indagam se objetivos, intenções e desígnios vão funcionar de fato. Repórteres e advogados não olham mais além do artigo constitucional ou do press release. Não consideram as consequências não pretendidas e suas causas humanas, que podem decorrer mesmo de projetos bem-intencionados.

É claro que os projetos muito frequentemente não funcionam. Fracassaram espetacularmente, por exemplo, na Venezuela, que é o exemplo pelo qual a esquerda chilena se pauta. Os repórteres gringos veem a emigração em massa para o Brasil e a Colômbia, as longas filas nas lojas, a hiperinflação, os dissidentes perseguidos.

Mas não procuram conhecer as causas, como a aplicação idiota do socialismo nacionalista a uma sociedade dinâmica. Agem como se o declínio da Venezuela, passando de país mais rico da América Latina para um dos mais pobres, não tivesse sido provocado por projetos péssimos do governo, mas sim por algo como um furacão natural que simplesmente atingiu o país por acaso. E, no caso chileno, não reconhecem que a Constituição existente já funcionava para alcançar a igualdade concreta de necessidades básicas, com as mais altas rendas reais do continente.

Com um discurso público como esse, não surpreende que continuemos a votar no Estado Mamãe e Papai.

Tradução de Clara Allain

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