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Jornalista e comentarista de política

Faca no peito

Ministras não caíram por serem mulheres, mas por ocuparem cargos ao alcance da gula do centrão

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As mulheres demitidas de três altos cargos do governo não caíram por serem mulheres. Fosse de gênero o problema até estaríamos num estágio mais avançado nas relações político-institucionais. É na gênese do convívio entre Planalto e Parlamento, na situação minoritária do governo, que mora o xis da questão.

Daniela Carneiro, Ana Moser e Rita Serrano caíram porque estavam em postos ao alcance da conveniência e da possibilidade do governo em ceder ao apetite do centrão que, diga-se, rivaliza com a gula do PT.

Não é a diversidade o que conduz ou aflige o presidente Luiz Inácio da Silva. É a sobrevivência. O critério vale para o Supremo Tribunal Federal, para a Procuradoria-Geral da República e muito mais para um Congresso atuante no modo faca apontada ao peito. Ora mais frouxa, ora mais forte, a pressão é permanente.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com a agora ex-presidente da Caixa, Rita Serrano, em cerimônia de sanção do novo Minha Casa Minha Vida no Palácio do Planalto - Gabriela Biló-13.jul.2023/Folhapress - Folhapress

Fosse o desapreço à representação feminina o nome do jogo, Nísia Trindade poderia ter sido "saída" do Ministério da Saúde, alvo de cobiça explícita, quando daquele vulgaríssimo rebolado exibido em cerimônia da pasta.

Seria pretexto semelhante ao da exposição da imagem do presidente da Câmara, Arthur Lira, no lixo que serviu de oportunidade para a demissão de Rita Serrano da presidência da Caixa Econômica Federal. Além disso, Lula testa uma mulher, a interina Elizeta Ramos, na PGR.

O destaque dado ao fato de as substituídas serem mulheres e os substitutos homens dá uma modernizada no tema, mas não apaga a evidência: onde falta a prometida articulação em termos da boa política sobra a barganha escancarada.

Não há mais resquício de pudor. Lira disse que a Caixa era dele, e o banco foi entregue mediante a liberação automática da pauta econômica na Câmara.

Não vai parar por aí. A faca foi afrouxada, mas como faltam as vice-presidências, a Funasa, o calendário para liberação de emendas e o que mais vier, voltará a ser apertada sem limite visível no horizonte.

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