Jornalista e comentarista de política
Faz de conta
Temos hoje um Estado fraco e desorganizado frente ao forte crime organizado
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Reconheça-se o esforço federal no reforço, com poderio militar, da vigilância nos portos, aeroportos e fronteiras terrestres para inibir a entrada e o trânsito de drogas no país. Providências são bem-vindas, embora na atual conjuntura sejam insuficientes e, por isso, cercadas de desconfiança sobre sua eficácia.
Com a decretação da Garantia de Lei e da Ordem, o governo simula a existência de uma política para enfrentar a crise de uma segurança pública em colapso. Quem sofre os efeitos no cotidiano, contudo, não tem obrigação de fingir que acredita. O convívio com o Estado desorganizado frente ao crime organizado não permite a benevolência.
A GLO é uma ação temporária já tentada em moldes diversos e com o mesmo recurso às Forças Armadas duas dezenas de vezes nos últimos 30 anos. De lá para cá, a situação só piorou. E muito.
Aos territórios dominados pelo tráfico acrescentaram-se os controlados pelas milícias. Notadamente no Rio de Janeiro, onde a condição é de "metástase", na definição precisa de Raul Jungmann, que viu a coisa de perto quando ocupou tanto a pasta da Segurança Pública quanto o Ministério da Defesa.
A multiplicação dos tumores se espalha pelo país. De tal forma que já se configura em emergência nacional a ameaçar a higidez do Estado de Direito. Exige reação à altura, com a liderança do Executivo e a inclusão de Judiciário e Legislativo.
Em algumas áreas no Rio, por exemplo, o poder público foi capturado pelo crime e infiltrado na política, na polícia e na Justiça. Nisso as autoridades não tocam em suas providências recentes. Isso se tolera, à necessidade da limpeza como premissa fecham-se os olhos.
Os discursos em defesa da democracia feitos pelos representantes não terão credibilidade nem efetividade enquanto na ala dos representados houver cidadãos reféns do terror. A circunstância fere a soberania estatal e subverte a ordem institucional. Não dá mais para suportar.
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