Jornalista e comentarista de política
Questão de estilo
Nísia e Lewandowski não se encaixam nos perfis ideais aos cargos que ocupam
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Na turbulência que assola o Ministério da Saúde, o presidente da República acerta em dois pontos: na resistência em ceder às pressões para abrir a pasta ao balcão de negócios e nas cobranças que faz por melhoria no desempenho.
Luiz Inácio da Silva deu respaldo a Nísia Trindade contra o apetite de governistas e oposicionistas que pretendem derrubar a ministra para tomar posse da poderosa estrutura. Isso não a exime de fazer frente à cobrança de Lula.
Nísia fica, mas vai precisar corresponder. Profissional competente, como demonstrou no comando da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) durante a pandemia, talvez ela não tenha os atributos exigidos ao cargo para o qual foi nomeada com a melhor intenção de virar a chave do desmazelo do governo anterior.
Não conhece, nem é de sua seara, os meandros da malandragem de certos congressistas e não se enquadra no perfil do enfrentamento bruto necessário, por exemplo, no caso dos hospitais federais do Rio de Janeiro, dominados por máfias políticas há anos, entra governo, sai governo.
Por que exigir de uma pessoa o que ela não pode dar, não por defeito, mas por estilo e natureza? Assim se expõe a risco desnecessário uma carreira exitosa.
Nesse campo da inadequação de atributos pessoais às exigências do ofício também se inscreve Ricardo Lewandowski. Ele tem pouco tempo à frente do Ministério da Justiça neste momento de urgência na segurança pública, mas já se evidencia a desarmonia entre o feitio do ministro e os requisitos ao cargo.
Ficou patente o desacerto dele ao anunciar a homologação de uma delação premiada pelo Supremo, como se fosse um feito do governo. A tentativa tampouco deu certo na fala sobre o "êxito" na busca até então sem resultados dos fugitivos de Mossoró (RN).
Não se transformam as pessoas naquilo que não são. Cabe ao presidente combinar os atributos dos escolhidos às funções a serem exercidas.
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