Siga a folha

Jornalista, participou da cobertura de sete Olimpíadas e quatro Pan-Americanos.

Descrição de chapéu Rússia

Veto aos russos continua provocando discórdias nos Jogos de Inverno

Crédito: Kirill Kudryavtsev/AFP Atletas russos durante a abertura dos Jogos Paraolímpicos de Sochi, em 2014

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Os Jogos de Inverno continuam provocando discórdias. Embora as Coreias, do Norte e do Sul, tenham entrado em acordo e discutem apenas detalhes da participação de ambas na Olimpíada de Inverno, agora é a Rússia, cuja participação no evento está vetada por conta dos escândalos de doping, que causa polêmica.

A nova controvérsia surgiu com uma decisão sobre a Rússia em relação à Paraolimpíada de Inverno, também prevista para PyeonChang, na Coreia do Sul, logo depois da Olimpíada na neve, que começa na semana que vem. O IPC (Comitê Paraolímpico Internacional) manteve a proibição da participação da Rússia na Paraolimpíada. Acontece que o veto veio com a abertura para que paraatletas russos possam competir sob bandeira neutra, como na Olimpíada de Inverno, desde que aprovados por uma comissão e que não tenham qualquer registro de doping em seus currículos.

A concessão aos russos quebrou a política que vinha sendo adotada pelo comitê, de veto total, como na Paraolimpíada de Verão, no Rio, em 2016. O chefe do Comitê Paraolímpico Alemão, Friedheim Julius Beucher, e o vice, Karl Quade, criticaram fortemente a postura do comitê internacional, segundo reportagem do site "Insidethegames", dizendo que ela é incompreensível. Os dirigentes alemães alegam que a liberação para os atletas russos, mesmo sob rígido controle, afasta o IPC de sua política antidopagem consistente.

Trata-se de posicionamento radical da dupla, que não se importa com a punição de atletas limpos, sem responsabilidades pelos crimes e desvios da cartolagem da Rússia, que contou com respaldo do Estado no acobertamento e uso de doping naquele país.

O escândalo vem se arrastando pelos últimos três anos. Na Olimpíada de Verão do Rio, o COI deixou a liberação ou não dos atletas por conta das federações internacionais de cada esporte. A Rússia, mesmo com desfalques, participou das disputas e ganhou 56 medalhas, 19 delas de ouro. Dias depois, na Paraolimpíada de Verão, o posicionamento da cartolagem foi diferente, mais rígida.

Em PyeongChang, os comitês internacionais –o Olímpico, dirigido pelo alemão Thomas Bach, e o Paraolímpico, comandado pelo brasileiro Andrew Parsons– adotaram pesos equivalentes. Parsons, em resposta às críticas, disse que o comitê paraolímpico é uma organização democrática e qualquer um pode expressar sua opinião. Lembrou ainda que não se está levantando a suspensão: não haverá bandeira, uniforme ou emblema russo.

Enquanto o debate esquenta no setor paraolímpico, o COI registrou 169 atletas da Rússia para a Olimpíada de Inverno. Apesar da ausência na lista de algumas estrelas e do impacto psicológico de atuar como representação neutra, a delegação russa desponta com chances de pódios na competição. Foi quarta colocada em Turim-2006, 11ª em Vancouver-2010 e ficou em quarto como anfitriã em Sochi-2014, depois de encerrar o evento na liderança e ter sofrido rebaixamento por cassação posterior de medalhas, quando foram descobertas as irregularidades de doping.

Confusão nunca falta em eventos com a Rússia. Durante as disputas em Sochi, o país sofreu muitas críticas pelas leis que o governo havia promulgado pouco antes, apontadas como discriminação aos homossexuais. Na abertura daqueles Jogos de Inverno, a tenista Maria Sharapova foi uma das atletas que carregaram a tocha olímpica. Tempos depois, ela foi flagrada pelo uso de doping e foi suspensa. Voltou a atuar no ano passado.

Para a Rússia, que vai continuar afastada dos grandes eventos olímpicos enquanto o seu laboratório antidoping não voltar a ser reconhecido pela Wada, a agência internacional do setor, as medidas adotadas nos dois Jogos de Inverno na Coreia do Sul soam como uma vitória. Minúscula, é verdade, mas um respiro para o país afogado num mar de lama nos esportes.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas