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Jornalista, participou da cobertura de sete Olimpíadas e quatro Pan-Americanos.

Controvérsias colocam em risco futuro do boxe na Olimpíada

Comando da Associação Internacional de Boxe está envolto por suspeitas de corrupção

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A Aiba (Associação Internacional de Boxe) está a cada dia mais envolvida pelo conflito de interesses que ronda o seu comando. A pressão do COI (Comitê Olímpico Internacional), que exige transparência nas atividades daquela organização, responsável pelo pugilismo na Olimpíada, desponta no centro da crise.

Thomas Bach, presidente do COI, chegou a insinuar a possibilidade de exclusão do boxe dos Jogos Olímpicos, já em Tóquio-2020, caso a Aiba não contorne desacertos na sua governança.

Nesse sentido parece que ocorreram ajustes, como também foram adotadas medidas para decisões mais transparentes, e mais seguras, nas arbitragens e resultados de lutas. Serão suficientes?​

Outro ponto de interrogação, porém, mais grave, diz respeito ao comando da Aiba, envolto por suspeitas de irregularidades e corrupção. É coisa que vem de longa data. A conjuntura problemática causou o afastamento no final do ano passado do taiwanês Ching-Kuo Wu, depois de 11 anos na presidência da entidade.

O cargo vago abriu caminho para nova especulação. Está ocupado interinamente por Gafur Rahimov, dirigente com perfil repleto de suspeitas e controvérsias, a principal delas a de que estaria em lista de sanções do Tesouro dos EUA como “um dos principais criminosos do Uzbequistão”, segundo reportagem do site Insidethegames, especializado em noticiário do movimento olímpico internacional.

Gafur Rahimov rebate as insinuações sobre criminalidade afirmando ter ficha limpa. Dessa forma, mantém sua candidatura para disputar a presidência da Aiba, em pleito marcado para Moscou, na Rússia, em 2 e 3 de novembro. Ressabiados, cartolas da organização reivindicam eleição com total transparência.

Além de Rahimov, apenas Serik Konakbayev, um dos vices atuais da Aiba e presidente da Confederação Asiática de Boxe, tinha manifestado publicamente a intenção de concorrer. A Aiba conta com 203 federações nacionais.

A CBBoxe (Confederação Brasileira de Boxe), comandada por Mauro Silva, é uma delas. O dirigente vai participar da votação, apesar das incertezas. Não tem ideia, por exemplo, de quantas federações estão em dia com as regras para terem direito de votar.

O dirigente disse ainda que o próprio Rahimov afirmou a ele não figurar em nenhuma lista suja e que desafiava qualquer cartola a encontrar algum registro. Caso apareça prova, o brasileiro admite uma reviravolta na eleição, pois seria inaceitável.

Quanto a Konakbayev, o opositor, Silva soube que talvez ele não tenha obtido o respaldo necessário de federações para registrar a candidatura. Espera, no entanto, por um informe oficial que deve sair nesta quarta (3) com todos os detalhes da disputa.

O boxe ganhou prestígio nas delegações olímpicas do Brasil ao conquistar quatro medalhas (ouro, prata e duas de bronze) nos Jogos de Londres-2012 e Rio-2016. Antes tinha apenas uma de bronze, de Servílio de Oliveira, na Cidade do México-1968. A cartolagem continua alimentando a expectativa de medalhas em Tóquio-2020.

Em tempos passados, debates sobre os riscos à saúde dos pugilistas, por causa da violência dos golpes, especialmente na cabeça, transformaram o boxe em forte candidato ao banimento dos Jogos.

Aqueles momentos difíceis acabaram contornados, deixando claro a preocupação com a integridade dos lutadores. Na atualidade, a ameaça de expulsão dos Jogos tem motivação sem qualquer tom de nobreza, mas diferente e repugnante, como a corrupção.

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