Jornalista, participou da cobertura de sete Olimpíadas e quatro Pan-Americanos.
Com Almir, Brasil tem chance de manter tradição no salto triplo
Com marcas expressivas, brasileiro almeja medalha nos Jogos de Tóquio
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O salto triplo é uma especialidade na qual o Brasil faz sucesso no atletismo internacional. Há mais de meio século, triplistas nacionais se destacam em eventos mundo afora. No momento, a estrela brasileira da modalidade é Almir Cunha dos Santos, 25, mais conhecido como Almir Júnior.
Em sua primeira competição do ano no exterior, em Kent, Ohio, nos EUA, o triplista garantiu a vitória com um salto de 17,46 m, seu recorde indoor. Havia meses que ele não competia, embora estivesse treinando forte, inclusive no período de festas do final do ano.
A marca nos EUA assegurou índices para o Mundial de Doha, no Qatar, em setembro, o principal evento da temporada, e para o Pan de Lima, em julho, no Peru.
Almir tinha planejado participar de outras duas disputas indoor, mas uma gripe abreviou o estágio no exterior. Ele estava treinando na Universidade de Kent sob orientação de Michael Schober, especialista em saltos horizontais. É um intercâmbio, parte do projeto de condicionamento físico e técnico, que serve também de referência para a participação nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020.
A medalha na Olimpíada, sem dúvida, é o sonho dos atletas. Por isso, os treinamentos costumam acompanhar o ritmo do ciclo de quatro anos entre os Jogos. No caso de Almir, a meta é o Japão, contudo, sem descartar o valor relevante do Pan e do Mundial.
Os planos de preparação são detalhados e exigem determinação do atleta, do treinador e da equipe de apoio, com especialistas em preparação física, fisiologia, nutrição e cuidados médicos, entre outros.
José Haroldo Loureiro Gomes, o Arataca, o técnico oficial de Almir, cuida para evitar riscos de problemas de saúde ou de contusões do seu pupilo. Quando o triplista sentiu leve indisposição, após exercício de aquecimento em Kent, cidade de temperaturas baixas nesta época, tratou logo de consultar Arataca. A recomendação foi para que ele retornasse ao Brasil.
Na avaliação do treinador, que orienta o atleta no clube Sogipa, em Porto Alegre, preservar o condicionamento é a melhor atitude na atual temporada, cujo pico de competições será no segundo semestre.
Almir cravou 17,53 m, a céu aberto (outdoor), o principal salto de sua carreira, na França, em maio do ano passado. Na expectativa de Arataca, com vivência de quase quatro décadas no mundo do esporte, não há dúvida que o triplista tem potencial para evoluir. Ele e Almir se conhecem bem, pois a parceria já dura cerca de 10 anos.
O recorde mundial do salto triplo pertence ao britânico Jonathan Edward, com 18,29 m, desde 1995. A melhor marca do Brasil, 17,90 m, registrada em 2007 por Jadel Gregório, ainda é o recorde sul-americano. Um salto bem superior ao do primeiro recorde brasileiro no triplo, de João Rehder Neto, vencedor do Estadual de São Paulo, em 1933, com 13,15 m.
Os brasileiros conquistaram prestígio internacional a partir da Olimpíada de Helsinque-1952, na Finlândia, com a medalha de ouro de Adhemar Ferreira da Silva, garantida com 16,22 m. Nos Jogos de Melbourne-1956, na Austrália, ele arrebatou outro ouro, com 16,35 m. Na carreira, Adhemar cravou ainda cinco recordes mundiais. Ele morreu aos 73 anos, em 2011.
Nelson Prudêncio, outro protagonista, ganhou prata com 17,27 m na Cidade do México-1968 e bronze nos Jogos de Munique-1972, com 17,05 m. Durante a prova no México, a marca de Prudêncio foi recorde mundial, mas logo acabou superada pelos 17,39 m do medalhista de ouro soviético Viktor Saneiev.
A escola do Brasil teve ainda o espetacular João Carlos de Oliveira, o João do Pulo, bronze em duas Olimpíadas (Montréal-1976, com 16,90 m, e Moscou-1980, com 17,22 m). O maior feito dele, no entanto, foi o salto de 17,89 m, no Pan-1975, na Cidade do México, que vigorou como recorde mundial por muitos anos.
Em 1981, no auge da carreira, João sofreu um acidente automobilístico que provocou a amputação da perna direita. Ele morreu aos 45 anos, em 1999.
Atleta do Brasil em pista de salto triplo atiça a curiosidade dos rivais e provoca respeito, ao menos um pouco. É improvável que competidores ignorem a história da modalidade.
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