Jornalista, participou da cobertura de sete Olimpíadas e quatro Pan-Americanos.
Boxe muda regras nas Olimpíadas em busca de credibilidade
Comitê Olímpico Internacional montou força-tarefa para impedir maracutaias na modalidade
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As disputas em Tóquio marcam uma divisão dos tempos para o boxe olímpico. Desta vez os torneios da modalidade não estão mais sob a responsabilidade da Aiba (Associação Internacional de Boxe) como de praxe. Depois de possíveis maracutaias na Rio-2016, o COI (Comitê Olímpico Internacional) montou uma força-tarefa para o encargo da realização dos torneios olímpicos.
As investigações das suspeitas de manipulação de resultados ainda prosseguem e só devem ser concluídas no mês que vem. Assim, juízes e árbitros que atuaram no Brasil estão afastados das escalas em eventos internacionais para uma apuração mais isenta e justa.
Por um tempo, as medidas chegaram a ser relaxadas, e agora os afastamentos voltaram a vigorar para o grupo do Rio, à espera da conclusão das investigações. Por isso, Kennedy Rosário, de Belém, e Marcela Souza, de Santos, os brasileiros escalados naquela oportunidade, continuaram sem chances de uma nova convocação para Tóquio.
Na verdade, não houve punição, e os árbitros nunca receberam nenhuma comunicação. Marcela, inclusive, chegou a atuar no Mundial de 2018, na Índia. Como Marcela e Kennedy eram os únicos integrantes "três estrelas” do quadro nacional de arbitragem, a graduação exigida para as Olimpíadas, o Brasil está sem representantes no Japão.
Karim Bouzidj, ex-diretor-executivo da Aiba e principal suspeito das irregularidades, não foi acusado formalmente por falta de provas, mas pode ter usado o cargo para influenciar a arbitragem.
Problemas de governança, dívidas estimadas em US$ 20 milhões e indícios de corrupção iniciaram os atritos entre as duas organizações. O COI chegou a pressionar com a ameaça de tirar o boxe das Olimpíadas. No período agudo da crise também surgiram boatos sobre a possibilidade de insolvência e dissolução da Aiba.
A polêmica alimentou versões de que o uzbeque Gafur Rakhimov, escolhido como presidente da Aiba, estaria em lista das autoridades dos EUA de criminosos internacionais envolvidos em tráfico de heroína.
Sem a superação dos desentendimentos e depois de muita discussão, o COI vetou a Aiba como órgão responsável pelo gerenciamento do boxe olímpico.
Rakhimov deixou o cargo, rendido por um presidente interino. Posteriormente, o russo Umar Kremlev assumiu o posto em eleições muito equilibradas. Ele diz que o boxe precisa garantir transparência e honestidade nas lutas e que os envolvidos em irregularidades devem ser banidos do esporte.
Uma das iniciativas para a recuperação da confiabilidade na arbitragem é assegurar nas regras que a pontuação dos jurados seja divulgada em tempo real ao término de cada assalto, não apenas no final da luta. Outra atitude de vigilância: todos os árbitros e jurados serão escolhidos por sorteio, com supervisão de empresa idônea de consultoria.
Os torneios de boxe começam neste sábado (24). O Brasil tem sete atletas (quatro homens e três mulheres) classificados para os Jogos, todos bem preparados e que podem surpreender.
No feminino, conta com Beatriz Ferreira, campeã mundial até 60 kg, candidata ao ouro. No ciclo olímpico, ela só não foi ao pódio no Mundial-2018. No masculino, Herbert Conceição, até 75 kg, leva esperança a Tóquio, depois de ter ganho, em 2019, um bronze no Mundial e uma prata no Pan. A conferir.
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