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Editada por Felipe Bailez e Luis Fakhouri, fundadores da Palver, coluna traz perspectivas sobre os dados extraídos de redes sociais fechadas

Descrição de chapéu ataque à democracia WhatsApp

Organização digital de manifestação de Bolsonaro é marcada por polarização

Desalinhamento, desinformação e medo foram destaques nas trocas de mensagens relacionadas ao ato na avenida Paulista

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Desde que foi deflagrada a operação Tempus Veritatis da Polícia Federal, os grupos públicos de mensageria analisados pela Palver apresentaram intenso debate político. Entre compartilhamento de notícias e comentários acerca da operação, as menções a Jair Bolsonaro (PL) atingiram, em 8 de fevereiro, o maior patamar dos últimos 30 dias.

Apoiadores de Bolsonaro exibem bandeiras de Brasil e Israel na avenida Paulista - Eduardo Knapp/Folhapress

Em grupos de apoiadores do ex-presidente, vídeos e mensagens começaram a circular em tom de ameaça ao Poder Judiciário.

Em mensagens enviadas em grupos públicos de WhatsApp, usuários desafiavam o ministro Alexandre de Moraes (STF) a prender Bolsonaro.

Em uma das mensagens, acompanhada de um vídeo que traz trechos de uma fala do ex-deputado federal Deltan Dallagnol (Novo), há menção a uma possível guerra civil e incitação à violência. As menções ao termo "GUERRA CIVIL" mais do que triplicaram no dia 8 de fevereiro com relação aos dias anteriores.

Desde 8 de fevereiro, as discussões se mantiveram aquecidas, mas sem um tema central direcionando o debate.

A partir de 12 de fevereiro, começou a circular nos grupos o vídeo do ex-presidente convocando seus apoiadores para o ato na avenida Paulista. Desde então, houve uma distribuição massiva de conteúdo sobre o tema nos grupos públicos de mensageria, e a pauta ganhou destaque tanto nos grupos de oposição quanto nos grupos de apoio ao ex-presidente.

Um vídeo do TikTok, com a marcação da conta @renata_patriota, que apareceu na amostra de grupos pela primeira vez no dia 15 de fevereiro, confirmava a presença do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump e do presidente da Argentina Javier Milei no ato convocado por Bolsonaro.

Apesar de reportagem publicada pela Folha apontando a inviabilidade das presenças ilustres, conteúdos similares se intensificam nos dias seguintes, acompanhados sempre da convocação para o evento.

No domingo, 18 de fevereiro, começaram a ser distribuídas mensagens desmentido as presenças internacionais.

O texto, direcionado aos patriotas, dizia que os boatos foram criados pela esquerda para frustrar as expectativas dos apoiadores do ex-presidente, e que, ao notarem as ausências célebres, teriam a sensação de desprestígio de Bolsonaro.

No último sábado (24), no entanto, uma live produzida no YouTube e divulgada nos grupos confirmou que Trump e Milei estariam presentes na avenida Paulista. Outras mensagens que circularam no mesmo dia incluíam a presença de Elon Musk e Netanyahu entre os confirmados.

Uma das estratégias utilizadas na comunicação das redes é fazer uso de pautas que estejam em evidência para se beneficiar da popularidade do tema.

Nesse sentido, na mesma semana em que parlamentares de oposição protocolaram o pedido de impeachment contra o presidente Lula (PT) por conta da comparação entre as ações de Israel em Gaza com o Holocausto, as mensagens relacionadas à convocação para o ato foram adaptadas ao contexto.

Após o vídeo inicial de Bolsonaro solicitando aos manifestantes que não levassem faixas ou cartazes, houve intensa comunicação sobre as instruções, entre elas o pedido para vestir verde e amarelo.

Desde o dia 21, contudo, mensagens pediam aos manifestantes que levassem também a bandeira de Israel, como forma de demonstrar apoio aos judeus. Essa adaptação, além de aproveitar o destaque do tema, tinha como objetivo criar uma antagonização com Lula, inflando a base política de Bolsonaro.

Na noite do sábado (24), circularam mensagens e vídeos nos grupos dos apoiadores de Bolsonaro apontando a presença de infiltrados na Paulista.

No vídeo com tom de denúncia, os infiltrados seriam os responsáveis pela colocação de cartazes e placas com mensagens com ataques ao STF e aos ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino. As mensagens também acusavam os infiltrados de querer promover baderna e confusão durante o ato.

O sentimento de medo também prevaleceu nas mensagens que procuravam relacionar a fuga dos presos da penitenciária federal em Mossoró (RN) com a existência de um plano maior para atacar Bolsonaro.

Outros usuários compartilharam informações de que centenas de milhares de soldados do Exército estariam de prontidão para realizar prisões durante o ato, incluindo a do ex-presidente.

Outro medo aventado foi a possibilidade de confronto com as torcidas organizadas, que estariam infiltradas. Esses medos foram amenizados em mensagens que destacaram que o efetivo da Polícia Militar de São Paulo teria sido reforçado para proteger os manifestantes.

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