Siga a folha

Editada por Felipe Bailez e Luis Fakhouri, fundadores da Palver, coluna traz perspectivas sobre os dados extraídos de redes sociais fechadas

Descrição de chapéu queimadas Meio ambiente

Brasil sofre com queimadas e desinformação

População tenta encontrar culpados pelas queimadas e adere a teorias mirabolantes

Assinantes podem enviar 7 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Nos grupos de mensageria, a população tenta encontrar culpados pelas queimadas e adere a teorias mirabolantes.

Em agosto, uma série de queimadas no interior de São Paulo colocou o tema em evidência e iniciou um intenso debate nas redes sociais sobre quem seriam os culpados pela situação.

A maior troca de acusações se deu entre apoiadores de Lula e Bolsonaro, cada empurrando a responsabilidade para o lado adversário.

O casal Wanderlei Cardoso Simão e Jordelina Pereira da Silva, que tiveram parte de seu sitio na Estação Ecológica Soldado da Borracha, em Rondônia, destruído pelo fogo destruido pelo fogo - 4.set.2024/Folhapress

No monitoramento das redes sociais realizado pela Palver, o pico de menções às queimadas nos grupos públicos de WhatsApp e no X aconteceu no dia 25 de agosto, um dia antes do pico em outras fontes de dados tal como jornais, televisão e YouTube.

A primeira onda de mensagens sobre o tema dentro dos grupos públicos de WhatsApp era de caráter informativo. Vídeos e imagens mostravam os incêndios dominando o cenário em diversas regiões do estado de São Paulo.

Na sequência, levantou-se um debate sobre a origem das queimadas, se haviam acontecido por causa da seca e condições climáticas ou se haviam sido iniciadas de maneira criminosa.

Um vídeo com diversos pontos de incêndio se iniciando simultaneamente no estado de São Paulo foi amplamente divulgado nas redes sociais e, principalmente, pelos grupos mais ligados à esquerda. No vídeo, focos de fumaça se iniciam em diferentes regiões do estado e rapidamente dominam o mapa.

No dia seguinte, após a polícia realizar a prisão de um homem em Batatais, interior de São Paulo, esse suspeito de atear fogo em vegetação seca, a troca de farpas entre direita e esquerda ganhou outra proporção. Após apreensão do celular do suspeito, a polícia encontrou vídeos do homem celebrando o ato.

Na delegacia, Alesssandro Arantes assumiu a responsabilidade e disse ter agido a mando do PCC. Rapidamente os grupos de direita começaram a espalhar a notícia e vincular o PCC ao MST e ao governo Federal.

No dia 29 de agosto, quatro dias após a prisão de Arantes, uma reportagem da Reuters apontou que até aquele momento não havia indícios de que o PCC estaria ligado às queimadas.

O estrago na comunicação já estava feito. Uma grande parcela das pessoas afirma desde então que o PCC é o responsável pelas queimadas e que o governo federal é cúmplice ao permitir que as queimadas aconteçam.

Nas redes sociais, diversas teorias se espalham, principalmente no WhatsApp, apontando que tudo isso já fazia parte do plano de Lula e do PT de desvalorizar as terras no Brasil para que pudessem vender para China e Venezuela.

Acompanhando as teorias mirabolantes, há um vídeo de Lula de 2022 colocando a culpa dos incêndios naquele ano em Bolsonaro e propondo diversas soluções, entre elas alocar as Forças Armadas para enfrentar as queimadas.

Esse vídeo serve para acender ainda mais os opositores do governo federal, comparando a resposta aos incêndios com as medidas adotadas pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

Notícias e vídeos favoráveis a Tarcísio são divulgados nos grupos públicos de WhatsApp, mostrando a liberação de verbas e as falas do governador dizendo que não irá tolerar atos criminosos. Esse conteúdo pró-Tarcísio quase sempre vem acompanhado de críticas ao governo federal.

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, vem sendo duramente criticada nas redes sociais. No último sábado (14), diversas mensagens foram enviadas afirmando que Marina, além de não cuidar das queimadas, está viajando para fazer campanha eleitoral.

Outra temática que vem ganhando força nas redes sociais é a de que estamos vivendo o fim do mundo. Essa linha narrativa argumenta que não há mais nada que possa ser feito além de esperar o fim dos tempos.

A comunicação das ações de enfrentamento às queimadas pelos governos precisam ser realizadas em linguagem acessível à população. Quando as informações não chegam da forma adequada, uma parcela das pessoas se sente desamparada, principalmente nas regiões que sofrem com seca, queimadas, poluição do ar e, principalmente, desinformação.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas