A Igreja Universal do Reino de Deus soltou uma nota na qual afirma que é incompatível ser cristão e ser de esquerda. "Um cristão de verdade não pode compactuar com ideias esquerdistas", diz o texto da instituição, cujo fundador acumula quase R$ 2 bilhões.

Mesmo que tenha aparecido no meio da perda de apoio de Bolsonaro entre evangélicos, ainda é possível dar razão à mensagem. Basta ler a Bíblia atenciosamente, para concluir: Jesus Cristo era de direita.

O filho de Deus era um grande empreendedor que, com a própria iniciativa, juntou 12 funcionários e construiu uma grande empresa. Começou seu caminho de baixo. Andou pela Galileia, foi carpinteiro, pescador, coach, se virou como pôde para fundar seu império.

Tudo bem que ele tinha um pai poderoso. Mas o patriarca só deu um empurrãozinho. Jesus aceitou de bom grado, mesmo porque era contra taxar grandes heranças.

Logo no início da carreira, se comoveu com miseráveis nas ruas de Nazaré. A um grupo de flagelados disse: "Não se preocupem, que a mão invisível do mercado vai resolver a desigualdade. Se vocês tiverem força de vontade, vão conseguir alcançar seus sonhos".

Capitalista visionário, viu que existia uma escassez do mercado por vinho. Seguindo a lei da oferta e demanda, transformou a commodity água na bebida mais desejada do seu público e fez decolar seus negócios.

Ao se deparar com um grupo de famintos, Jesus pegou um pão, multiplicou em vários, mas disse: "Para conseguir o pão, tens que batalhar duro. Não ficar de preguiça por aí". Ele pegou os pães, abriu a Forneria Figlio di Dio e virou um grande empreendedor da panificação.

Em suas caminhadas, viu um grupo de leprosos, se aproximou e falou: "Isso que dá não contratar um bom plano de saúde. Trocaram os pés pelas mãos", disse o messias, mostrando que também tinha bom humor.

Andou sobre as águas do rio Jordão, mas foi para embarcar em seu jet ski adquirido com o suor sagrado do seu trabalho. Saiu dando cavalo de pau ao som do funk "Proibidão do Jesus", cuja letra diz: "Jesus Cristo, acaba com as mazelas, faz o vinho e não dá galera, porque o livre mercado é que se autonivela".

No final, se deixou ser crucificado, mostrando para o mundo o sofrimento do empreendedor perante o Estado de um governo esquerdista.