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Roteirista. Escreve para programas e séries da Rede Globo.

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maternidade

De 'Encanto' a 'Rei Leão', mães da Disney são mais insossas do que pitaia

Seja qual for a explicação, animações nos ensinam a não perdoar os erros maternos com personagens apagadas

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Prestes a completar dois anos de maternidade na pandemia, joguei para o alto a regra "criação sem telas" e liberei a televisão para os meus filhos.

Estreamos com a "Galinha Pintadinha" que, em pouco tempo, deixou o ambiente doméstico insalubre. Passamos para "Peppa Pig", que se revelou semelhante ao crack no quesito dependência. Assim que os meninos começaram a se interessar por enredos mais complexos, apresentei o maravilhoso universo de Walt Disney.

Ilustração publicada em 9 de fevereiro - Galvão Bertazzi

Sou uma consumidora voraz de animação, especialmente as produzidas pela Disney e pela Pixar. Sei de cor canções, diálogos e choro ao pensar na morte de Mufasa, pai do Simba. Mas, ao assistir aos longas com meus filhos, um detalhe me chamou a atenção: a frequente falta de heroínas mães.

Está certo que muitas histórias se passam em tempos medievais, quando as taxas de mortalidade materna eram altíssimas. Mesmo quando o parto não é a causa mortis, a Disney frequentemente dá um jeito de matar as mães ou jogá-las para escanteio.

Em "A Pequena Sereia", Ariel vive com seu pai solo rigoroso Tritão, que delega a criação da filha a um caranguejo. Mesmo assim, é ele quem a salva da terrível bruxa Úrsula.

Simba, de "O Rei Leão", não se perdoa pela morte do pai. Por isso, larga a mãe e outras fêmeas num reino decadente, enquanto faz uma viagem de autoconhecimento e banhos de cachoeira.

Coral, mãe de Nemo, vira comida de barracuda antes mesmo dos créditos de "Procurando Nemo". Quem fica com o papel de herói é Marlin, um pai capacitista que superprotege o filho por ter uma das nadadeiras menor.

Mirabel, de "Encanto", tem uma mãe mais insossa do que pitaia e é desprezada pela avó por não ter os poderes da família. Quem a salva é o tio ermitão, Bruno.

Algumas teorias tentam explicar a ausência de heroínas mães nos filmes da Disney. Uma delas é que Walt não teria superado a perda da mãe devido a um vazamento de gás. Péssima homenagem.

Outras defendem que a ausência de figura materna seria uma ferramenta para criar interesse dramático pelos personagens. Se tivessem uma mãe para guiar e cuidar, não haveria história. O que é um equívoco.

Mães erram e muito. Mas, como vemos, tanto na ficção, como em reality shows e na vida, um pai errar é humano. Uma mãe que erra é imperdoável. Nunca será uma heroína.

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