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Professor, militante do MTST e do PSOL. Foi candidato à Presidência da República e à Prefeitura de São Paulo.

O ano em que poderemos acabar com o pesadelo

Este será um ano desafiador, em que de tédio não morreremos

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Depois de três anos sombrios, o Brasil inicia 2022 vendo um raio de luz. Nas festas familiares de fim de ano, o sentimento de luto e o gosto amargo da indignação dividiram espaço com um certo alívio pela iminência do fim do sofrimento. Está acabando. Suportamos até demais.

Recapitulemos rapidamente: golden shower; Brilhante Ustra; é só fazer cocô dia sim, dia não; pirralha; se eu puder dar um filé mignon pro meu filho eu dou; Johnny Bravo; gripezinha; país de maricas; e daí?; caguei; só se for na casa da sua mãe; quer dar o furo; cala a boca; AI-5; ou é voto impresso ou não tem eleições; enfia no rabo o leite condensado; querem comida e não fuzil, então dá tiro de feijão...

Ufa! Finalmente chegou o ano em que poderemos acabar com este pesadelo. Bem que tentamos. Nas ruas, foram várias manifestações --do tsunami da educação, em 2019, às praças cheias pelo impeachment, em 2021--, mas a aliança bilionária com o centrão e o silêncio cúmplice da Faria Lima permitiram que ele chegasse até aqui. Agora faltam alguns meses para as eleições.

Mas não podemos confundir esperança com ilusão. Vai ser uma verdadeira guerra. A máquina do ódio e das fake news que venceu em 2018 vai se juntar à máquina pública, turbinada pelo orçamento secreto, com apoio de oligarquias locais do centrão. O jogo não está ganho.

Protesto contra Bolsonaro na avenida Paulista (São Paulo) em 2 de outubro 2021 - www.fotoarena.com.br

Ainda mais se entendemos que não se trata apenas de derrotar Bolsonaro nas urnas. Em 2022 precisaremos, além de votos, ganhar mentes e corações para derrotar o projeto bolsonarista. O projeto que devolveu o Brasil ao mapa da fome, que destruiu a capacidade de investimento do Estado, que colocou mais de 6.000 militares em cargos civis de governo, que fez picadinho do que restava da democracia brasileira. Será preciso iniciar a disputa social para reconstruir um país em ruínas.

Isso passa centralmente pelas eleições presidenciais, mas também pela mudança do parlamento e de governos de estado. Passa pela mobilização da sociedade e pela disputa da consciência política do nosso povo. Afinal, no Brasil, ganhar não significa necessariamente levar. Carlos Lacerda, o pai do golpismo nacional, já disse em outros tempos: "Não pode ser candidato. Se for, não pode ser eleito. Se eleito, não pode tomar posse. Se tomar posse, não pode governar". Quase um século depois, eles pensam assim.

Esperamos todos que 2022 seja o fim do pesadelo. Mas precisaremos lutar por isso, e muito. A esperança que este ano requer de nós, lembrando Paulo Freire, não é aquela que vem do verbo "esperar", a esperança quieta de quem apenas torce pela vitória. É a do verbo "esperançar", dos que agarram o futuro com as mãos. Será um ano desafiador, em que de tédio não morreremos. Será um ano para esperançar juntos.

Feliz 2022!

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