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Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

Como uma epidemia acaba?

Precisamos agora aplainar a curva de novas infecções

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Depois que a pandemia se instalou, a forma “natural” de interromper o ciclo de transmissões é o chamado esgotamento dos suscetíveis, que ocorre quando uma parcela considerável da população adquire a moléstia e desenvolve defesas contra ela.

No início de uma epidemia causada por um vírus contra o qual ninguém tem imunidade, como o Sars-Cov-2, as transmissões ocorrem de forma explosiva. Se cada infectado passa a doença para, digamos, duas pessoas, no ciclo seguinte teremos 4, que se tornarão 8 e assim por diante. Esse processo, obviamente, não dura para sempre.

No pior cenário, o ciclo de infecção acabaria quando 100% da população tivesse sido infectada. Na prática, termina antes. A uma dada altura, o paciente que está propagando o vírus passa a encontrar mais pessoas imunes do que suscetíveis, e a doença já não consegue progredir no mesmo ritmo. Aí, ou ela desparece ou se torna endêmica, ressurgindo sazonalmente.

Quarentenas e medidas de distanciamento social ajudam a modular a curva da epidemia, mas não alteram o status dos suscetíveis. Quem não pegou a doença numa primeira leva, pode pegar mais adiante.

É nesse contexto que a chanceler Angela Merkel afirmou que até 70% dos alemães acabariam infectados. Marc Lipsitch, epidemiologista de Harvard, calculou, em fevereiro, que entre 40% e 70% da população mundial seria contaminada nos 12 meses seguintes. Mais recentemente, revisou a conta para baixo: entre 20% e 60%.

Essas estimativas, vale lembrar, estão sujeitas às incertezas do mundo real. O vírus da Sars, que também prometia grandes desastres, sofreu uma mutação e sumiu.

O que precisamos agora é aplainar a curva das novas infecções, de modo que elas ocorram o mais lentamente possível. A ideia é preservar os sistemas de saúde de picos de demanda inadministráveis e dar aos médicos tempo para aprender a tratar os casos graves.

Funcionários de hospital em Bréscia (Itália) usam proteção para cuidar de pacientes - Miguel Medina/AFP

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