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Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

O Diabo nos detalhes

Pelas leis brasileiras, igreja satanista tem a mesma proteção dada às igrejas cristãs

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"Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles." Essas são, a crer em Mateus 7:12, palavras de Cristo no Sermão da Montanha. Causa estranhamento, portanto, que autoproclamados cristãos se atrapalhem na hora de aplicar esse princípio, conhecido como regra de ouro. Eu me refiro especificamente a certas denominações evangélicas que cobram tolerância em relação à pregação contra homossexuais, mas denunciam como profanação o desfile de uma escola de samba que trazia um carro alegórico representando o Diabo.

Não sou totalmente insensível aos reclamos de evangélicos. Acredito nas liberdades de expressão e culto e acho que elas protegem inclusive o discurso do pastor americano David Eldridge, que veio ao Brasil para dizer que todos os homossexuais irão para o inferno, o que lhe custou um inquérito policial por homofobia. Como sempre digo aqui, um combate consistente aos chamados discursos de ódio exigiria censurar várias passagens da Bíblia. E, se há algo que jamais farei, é defender a censura a livros, antigos, modernos ou futuros.

O pastor norte-americano David Eldridge durante congresso da Umadeb (União das Mocidades das Assembleias de Deus de Brasília), quando, com a ajuda de um tradutor, pregou em inglês que aqueles que ele vê como "desviados" não são merecedores do céu - Reprodução Twitter

É claro que a mesma lógica vale para discursos e enredos com elementos de que os evangélicos não gostam, como o Tinhoso e mulheres peladas. Vou um pouco mais longe. O Brasil não é muito bom em fazer leis, mas acertou na mosca quando estabeleceu que todas as religiões, independentemente de seu conteúdo teológico, estão em patamar de igualdade jurídica. Isso significa que, pelas nossas leis, uma igreja satanista, desde que não inclua em seu culto crimes como sacrifícios humanos, goza da mesmíssima proteção dada às igrejas cristãs.

E, se há alguém que não pode reclamar disso, são os evangélicos. Se a Constituição de 1891 não tivesse estabelecido, contra a hegemonia católica, a liberdade religiosa, a Assembleia de Deus de Silas Malafaia não teria por aqui aportado em 1911. O leitor que decida se esse seria um mundo melhor ou pior.

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