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Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

Descrição de chapéu Datafolha

Um grande mal-entendido?

Estudo acadêmico sugere que polarização começa com erro de avaliação sobre posições prevalentes entre os adversários

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São Paulo

E se a polarização política tiver origem num grande mal-entendido? Essa é a hipótese de um interessante artigo de Victoria Parker e colaboradores que circula como preprint e me foi enviado por um leitor (obrigado, Alexandre!). O título é "The Ties that Blind" ("Vínculos que Cegam"). É um artigo relativamente longo que combina os resultados de cinco estudos que avaliaram posições de democratas e republicanos nos EUA.

Resumindo bastante, os autores mostram que os dois lados superestimam muito o grau de extremismo prevalente entre seus adversários e isso tem consequências. Para os conservadores, democratas seriam essencialmente um bando de "snowflakes" preguiçosos que quer acabar com a liberdade de expressão e tirar as verbas da polícia. Já os progressistas veem os republicanos como racistas que pretendem pôr um fim à imigração e reduzir os gastos em educação.

Ilustração de Martin Kovensky - Folhapress

As posições mais radicais são sustentadas apenas por uma minoria em ambos os grupos. Democratas e republicanos estão perfeitamente cientes disso quando avaliam o seu lado, mas erram grosseiramente em suas estimativas quando aplicadas aos oponentes. Por ver os adversários como portadores de falhas morais, militantes de cada um dos lados preferem não ter nenhum vínculo com os do outro, o que tende a perpetuar o mal-entendido original.

E fica ainda pior. Por julgar que os adversários, "gente do mal", se vale de táticas antiéticas, que não podem ficar sem resposta, os militantes tornam-se mais tolerantes em relação a passos antiéticos de seu próprio grupo, além de silenciar sobre suas divergências com os extremistas de sua facção, o que só eleva o nível de radicalização.

Algo parecido pode valer para o Brasil. Tivemos um vislumbre disso estes dias com a pesquisa Datafolha que mostrou que a maioria dos evangélicos paulistanos, embora vote em Bolsonaro, mantém posições bem menos radicais do que as do bolsonarismo raiz.

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