Siga a folha

Presidente do Instituto Igarapé, membro do Conselho de Alto Nível sobre Multilateralismo Eficaz, do Secretário-Geral. da ONU, e mestre em estudos internacionais pela Universidade de Uppsala (Suécia)

Vote pelo direito ao futuro

Legado do governo atual é de fome, ameaça à democracia e devastação da floresta amazônica

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Chegamos ao ponto de inflexão mais consequente de nossa geração. À luz do dia, vimos nos últimos anos nossa democracia ser colocada em xeque. A eleição do dia 30 de outubro é determinante. O que está em jogo não é somente a combalida democracia —o que por si só já faz deste momento crucial—, mas o direito ao futuro.

O legado de destruição do governo atual é amplamente conhecido: a vergonhosa fome que assola mais de 33 milhões de crianças e adultos, a devastação acelerada da floresta amazônica, a precarização em todos os níveis da educação, a trágica gestão da pandemia, o legado de insegurança e mortes plantado pelo descontrole de armas, o desrespeito às mulheres, indígenas, população negra e LGBTQIA+.

Devastação às margens da rodovia Transamazônica, em Lábrea (AM) - Lalo de Almeida - 4.set.2022/Folhapress

Apesar de todos esses retrocessos, cerca de 40% dos eleitores que compareceram às urnas não optaram por uma mudança na rota do país. Nem mesmo o escancarado descumprimento das pautas prometidas na campanha de 2018, como o respeito ao teto de gastos e o combate à corrupção, demoveram os apoiadores do presidente atual de votar por sua recondução.

Infelizmente as manobras econômicas para autorizar gastos ilegais em período eleitoral, as acusações de corrupção que permeiam o núcleo do poder e seus familiares e os inúmeros exemplos de aparelhamento, abuso de poder e desvio de função de instituições para fins privados e com o intuito de autocratizar o país foram relativizados e perdoados.

Escrevo este texto pois temos uma nova chance de fazer melhores escolhas no segundo turno em 30 de outubro.

Em primeiro lugar gostaria de dizer que este segundo turno não é sobre gostar ou não do candidato de oposição, e sim sobre a possibilidade de ser oposição e de votar em eleições democráticas em 2026. Somente em democracias há espaço para críticas. É sobre defender a liberdade —aquela que vem com direitos e limites, e não a que desrespeita e viola direitos, proposta pelo atual mandatário.

É também sobre defender a Constituição e o equilíbrio entre os Poderes. Um novo mandato do atual governo será capaz de desmantelar e enfraquecer irreversivelmente instituições centrais para a defesa do regime democrático. O Executivo poderá ter a maioria no STF, combinando novas indicações e a possibilidade declarada de impeachment de ministros atuais, viável com a nova composição do Senado.

É sobre entender que a democracia é melhor para a economia. E é sobre não querer ver aumentar sobremaneira o custo reputacional de se fazer negócios com o Brasil era ESG e também sobre não desejar que o país perca a credibilidade mundo afora de vez.

É sobre olhar para seus filhos e netos e dizer que fez o que estava ao seu alcance para evitar a savanização da Amazônia. E para que milhares de pessoas —incluindo amigos e familiares— não tivessem que deixar o país por intimidação, ameaças e medo da força bruta, e para que tantas outras que não teriam meios de viver fora não fossem perseguidas.

Por fim, é sobre compreender que o Brasil e o mundo enfrentam riscos sistêmicos e cumulativos e que a única saída para mitigar e reduzir esses riscos é a cooperação entre todos os setores da sociedade, do nível local ao global. Reeleger um governo que mina a democracia por dentro, que quer silenciar a imprensa, a ciência e a sociedade civil, que vê como inimigos quem pensa diferente, que fechou todos os canais de participação legítimos, que tirou o país das mesas de negociação onde o destino da humanidade está sendo decidido agora é renunciar à chance de construirmos um futuro melhor para nós e para as próximas gerações. Em 30 de outubro vote pela democracia e pelo direito ao futuro.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas