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Jornalista e bacharel em ciências sociais, Ivan Marsiglia é autor de “A Poeira dos Outros”.

Eu Antes Era Herói versus Pavão Misterioso

Mensagens vazadas da Lava Jato ditaram polarização no Twitter

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Um tom setentista embalou o Twitter brasileiro no final de semana, quando a polarização em torno do escândalo da “Vaza-Jato” ditou novamente o ritmo das postagens na rede social. Sábado (15) à noite, o esquete musical satirizando Sergio Moro num programa humorístico da TV Globo —“Eu Antes Era Herói”, paródia de “João e Maria”, canção escrita por Chico Buarque sobre valsa de Sivuca em 1977— levantou a hashtag #zorra. 

 

No domingo (16), o perfil @oppavaomisterio fez referência a outra canção da época, “Pavão Misterioso” —composta por Ednardo para a novela "Saramandaia", em 1976– para impulsionar a hashtag #ShowDoPavão, denunciando uma suposta conspiração envolvendo bitcoins e hackers russos em torno das reportagens de Glenn Greenwald no site The Intercept Brasil.

George Sauma (em pé, como Deltan Dallagnol) e Antonio Fragoso (sentado, como Moro) em paródia no Zorra Total - Reprodução TV Globo

O jornalista e fundador do site tuitou sua resposta reproduzindo o fac-símile dos alegados documentos, que continham incorreções gramaticais: @ggreenwald “Se a rede de Bolsonaristas / @MBLivre / @tercalivre for fabricar documentos falsificados em inglês para tentar espalhar falsas acusações contra mim, pelo menos tenha a cortesia de não ser tão preguiçoso a ponto de errar as palavras básicas. #ShowDoPavão”.

 

Além disso, Greenwald retuitou um post que suspeitava do uso de robôs pela rapidez com que a hashtag contra ele subiu nos TT’s. @ggreenwald “Leia isso. Qualquer um com uma racionalidade mínima ou tempo para pensar sobre isso imediatamente reconhece a estupidez desequilibrada disso, mas o objetivo é espalhar isso o suficiente para que as pessoas tenham suspeitas.”

 

A assessoria de comunicação do Twitter diz não comentar posts específicos, mas afirma que tem reforçado seus procedimentos de desafio e identificação de contas de spam ou automatizadas em nome da saúde da plataforma. “Em maio de 2018, nossos sistemas identificaram e contestaram mais de 9,9 milhões de contas”, diz a nota enviada a esta coluna. “Um aumento em relação aos 6,4 milhões de contas em dezembro de 2017 e 3,2 milhões em setembro de 2018.” 

A virulenta discussão nas redes sobre qual a ênfase correta a dar na cobertura do caso que abalou a credibilidade da Lava Jato —se no vazamento da informação ou no conteúdo revelado— contagiou os jornalistas. Com opiniões divergentes até entre profissionais de um mesmo veículo.

@augustosnunes “Entre outras façanhas civilizatórias, a Lava Jato desmontou o maior esquema corrupto da História e comprovou q há lugar na cadeia tb p/ ladrões graduados. Os brasileiros precisam mostrar nas ruas q os nostálgicos da roubalheira perdem seu tempo: ninguém vai parar a Lava Jato”, postou o colunista do site Veja.com.

@BlogdoNoblat “Num país sério, altos escalões da Justiça já estariam examinando a hipótese de anular o julgamento de Lula com base nas conversas entre Moro e procuradores. Se novas conversas agravarem o caso, a anulação será inevitável - a não ser que a Justiça prefira descer ao esgoto”, tuitou o também colunista de VEJA.com.

O tema tem causado tanto constrangimento entre jornalistas que a análise da colunista de TV Cristina Padiglione, publicada na Folha, recebeu resposta direta do diretor de jornalismo da Globo, Ali Kamel.

‘Usina de crises’ 

A reforma da Previdência, tema de alguma forma pacificado no Twitter com a sensação de que sua aprovação pelo Congresso se tornava fato consumado, voltou com força após renovadas críticas de Paulo Guedes e a reação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia. E a hashtag #ReformaDeUmTrilhao, a favor da versão puro-sangue apresentada pelo governo, levantava 83,7 mil tuítes às 17h39 de ontem.

Nem de longe, porém, o desagravo ao “ministro Posto Ipiranga” ameaçava, no topo dos TT’s mundiais, a #YNTCDMusicVideo, com o lisérgico novo clipe da cantora @taylorswift13, contabilizando 386 mil tuítes. Ainda que, em lisergia, nada supere a política brasileira dos últimos anos.

Presença dela

O retuíte de @Anitta sobre post feito por @Madonna celebrando sua parceria com a funkeira brasileira na canção “Faz Gostoso”, de outra brasileira, MC Blaya, repercutiu na sexta-feira, quando o álbum Madame X chegou às lojas e plataformas de streaming.

@Anitta “Aquele funk de respeito” teve 27,8 mil curtidas.

Tchauzinho 

No ócio típico de domingo, o presidente dos EUA, Donald Trump, resolveu alfinetar pelo Twitter a deputada Alexandria Ocasio-Cortez, estrela democrata do Congresso americano:@realDonaldTrump “Deputada Alexandria Ocasio-Cortez: ‘Acho que corremos risco real de perder a Presidência para Donald Trump.’ Concordo com ela, e essa é a única razão pela qual eles jogam a carta do impeachment, que não pode ser legalmente utilizada!”

Pouco depois, Alexandria postou sua resposta, com direito a emoji de mãozinha no final. @AOC “Presidente, o senhor é do Queens. Pode até enganar o resto do país, mas eu truco o seu blefe a qualquer dia da semana. Abrir uma investigação de impeachment é exatamente o que se deve fazer quando um presidente obstrui a Justiça, induz testemunhas a ignorar normas legais e muito mais. Tchau.”

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